Escritor Rubem Alves morre aos 80 anos
O escritor e educador Rubem Alves morreu neste sábado, 19, vítima de falência múltipla de órgãos, aos 80 anos. Ele estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Centro Médico de Campinas (a 93 km de São Paulo).
Rubem Alves foi internado no último dia 10 com um quadro de insuficiência respiratória, devido a uma pneumonia. Segundo boletim médico, ele tinha apresentado agravamento das funções renais e pulmonares na sexta, 18.
A página oficial do escritor no Facebook informa que o velório será realizado no Plenário da CÔmara Municipal de Campinas, a partir das 19h deste sábado. Se um dia a escola deixar de ser chata, terá se tornado realidade um dos principais objetivos da vida de Alves.
Desde ao menos a década de 1980, ele pediu por meio de livros, colunas e entrevistas que os colégios deixassem de massacrar os estudantes com conteúdos que serão cobrados no vestibular e depois esquecidos. E que passassem a mostrar o que os jovens veem e verão na vida.
Como exemplo desse outro formato de educação, Alves sugeriu que uma aula pudesse começar com a apresentação de uma casca de caramujo vazia, que "normalmente ninguém presta atenção", mas que "é um assombro de engenharia". A função do educador, disse ele à Revista Nova Escola em 2002, é fazer o jovem notar a complexidade dessa casca e entendê-la.
Nascido em 15 de setembro de 1933, no sul de Minas Gerais, Alves recebeu experiência acadêmica em diferentes áreas e locais. Formou-se teólogo no Seminário Presbiteriano de Campinas e doutor em Princeton (EUA); psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise. Publicou mais de 120 títulos, sobre filosofia, educação, literatura infantil e teologia.
Um deles, "A Theology of Human Hope", de 1969, é considerado o lançamento de uma linha de pensamento que depois seria definida como Teoria da Libertação (que defende uma Igreja próxima dos movimentos sociais). Ele se apegou à religião ainda menino, justamente por dificuldades com a educação -não tinha amigos num colégio tradicional do Rio porque era considerado caipira de Minas Gerais.
Foi também professor na Universidade de Birmingham (Inglaterra) e da Unicamp, onde se aposentou. Na universidade de Campinas, ocupou cargos de direção, entre eles na graduação. Convenceu-se de que o vestibular é um dos grandes problemas da educação, pois as escolas, sob a expectativa dos pais, se concentram em passar conteúdos das matérias que cairão no exame.
Durante as discussões sobre a seleção, gostou da ideia de abandoná-la para a implementação de um sorteio, o que deixaria os colégios livres para permitir que os alunos pudessem "ouvir música, ler". A proposta não vingou.
Foi colunista da Folha de S.Paulo em três oportunidades: entre 1982 e 1985, escreveu para o caderno "Educação e Ciência"; entre 2002 e 2005, para "Sinapse"; e entre 2005 e 2011, para "Cotidiano". Em um dos seus últimos textos no jornal, "Sobre o morrer", publicado no fim de 2011, afirmou que não gostaria de ter uma morte repentina, pois desejava conversar com as pessoas que gostava ou simplesmente ficar em silêncio (antes de morrer, ele ficou internado nove dias em Campinas).
Repercussão
"Rubem Alves mostrou o prazer e o encanto da aprendizagem", afirmou o jornalista e escritor Gilberto Dimenstein à Folha. "Estávamos combinando de fazer um livro, sentamos e acertamos isso antes de ele ir para o hospital. Até o último momento, antes de morrer, estava tentando compartilhar a aprendizagem". Dimenstein também diz que Alves era como um menino encantado pela vida e pelo mundo. "Ele sempre achou que o menino era quem ensinava ao educador".
O linguista e ex-reitor da Unicamp (1990-1994) Carlos Vogt ressaltou ainda que Rubem Alves é parte importante do desenvolvimento da Unicamp. "Começamos a dar aula juntos, no início da Unicamp. Sua morte é também uma perda para a universidade, é uma perda para a academia e para a literatura. O que fica agora é a falta que ele faz". Em sua página no Facebook, a presidente Dilma Rousseff disse que Alves era um dos intelectuais mais respeitados do Brasil.
O escritor e educador Rubem Alves morreu neste sábado, 19, vítima de falência múltipla de órgãos, aos 80 anos. Ele estava internado na UTI (Unidade de Terapia Intensiva) do Hospital Centro Médico de Campinas (a 93 km de São Paulo).
Rubem Alves foi internado no último dia 10 com um quadro de insuficiência respiratória, devido a uma pneumonia. Segundo boletim médico, ele tinha apresentado agravamento das funções renais e pulmonares na sexta, 18.
A página oficial do escritor no Facebook informa que o velório será realizado no Plenário da CÔmara Municipal de Campinas, a partir das 19h deste sábado. Se um dia a escola deixar de ser chata, terá se tornado realidade um dos principais objetivos da vida de Alves.
Desde ao menos a década de 1980, ele pediu por meio de livros, colunas e entrevistas que os colégios deixassem de massacrar os estudantes com conteúdos que serão cobrados no vestibular e depois esquecidos. E que passassem a mostrar o que os jovens veem e verão na vida.
Como exemplo desse outro formato de educação, Alves sugeriu que uma aula pudesse começar com a apresentação de uma casca de caramujo vazia, que "normalmente ninguém presta atenção", mas que "é um assombro de engenharia". A função do educador, disse ele à Revista Nova Escola em 2002, é fazer o jovem notar a complexidade dessa casca e entendê-la.
Nascido em 15 de setembro de 1933, no sul de Minas Gerais, Alves recebeu experiência acadêmica em diferentes áreas e locais. Formou-se teólogo no Seminário Presbiteriano de Campinas e doutor em Princeton (EUA); psicanalista pela Sociedade Paulista de Psicanálise. Publicou mais de 120 títulos, sobre filosofia, educação, literatura infantil e teologia.
Um deles, "A Theology of Human Hope", de 1969, é considerado o lançamento de uma linha de pensamento que depois seria definida como Teoria da Libertação (que defende uma Igreja próxima dos movimentos sociais). Ele se apegou à religião ainda menino, justamente por dificuldades com a educação -não tinha amigos num colégio tradicional do Rio porque era considerado caipira de Minas Gerais.
Foi também professor na Universidade de Birmingham (Inglaterra) e da Unicamp, onde se aposentou. Na universidade de Campinas, ocupou cargos de direção, entre eles na graduação. Convenceu-se de que o vestibular é um dos grandes problemas da educação, pois as escolas, sob a expectativa dos pais, se concentram em passar conteúdos das matérias que cairão no exame.
Durante as discussões sobre a seleção, gostou da ideia de abandoná-la para a implementação de um sorteio, o que deixaria os colégios livres para permitir que os alunos pudessem "ouvir música, ler". A proposta não vingou.
Foi colunista da Folha de S.Paulo em três oportunidades: entre 1982 e 1985, escreveu para o caderno "Educação e Ciência"; entre 2002 e 2005, para "Sinapse"; e entre 2005 e 2011, para "Cotidiano". Em um dos seus últimos textos no jornal, "Sobre o morrer", publicado no fim de 2011, afirmou que não gostaria de ter uma morte repentina, pois desejava conversar com as pessoas que gostava ou simplesmente ficar em silêncio (antes de morrer, ele ficou internado nove dias em Campinas).
Repercussão
"Rubem Alves mostrou o prazer e o encanto da aprendizagem", afirmou o jornalista e escritor Gilberto Dimenstein à Folha. "Estávamos combinando de fazer um livro, sentamos e acertamos isso antes de ele ir para o hospital. Até o último momento, antes de morrer, estava tentando compartilhar a aprendizagem". Dimenstein também diz que Alves era como um menino encantado pela vida e pelo mundo. "Ele sempre achou que o menino era quem ensinava ao educador".
O linguista e ex-reitor da Unicamp (1990-1994) Carlos Vogt ressaltou ainda que Rubem Alves é parte importante do desenvolvimento da Unicamp. "Começamos a dar aula juntos, no início da Unicamp. Sua morte é também uma perda para a universidade, é uma perda para a academia e para a literatura. O que fica agora é a falta que ele faz". Em sua página no Facebook, a presidente Dilma Rousseff disse que Alves era um dos intelectuais mais respeitados do Brasil.
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