sábado, 10 de novembro de 2012

O bom humor é uma das marcas registradas de Ariel Magnus.

Um chinês de bicicleta é, sem dúvida, a história mais criativa e bem-humorada sobre a imigração chinesa na Argentina – na verdade, mais criativa e bem-humorada sobre quase tudo.

Em Um chinês de bicicleta, o leitor descobre uma Buenos Aires diferente do centro cosmopolita comumente retratado. O humor típico de Ariel Magnus permeia a obra e nos apresenta Ramiro e Li, dois homens perdidos na vida, metáforas do fracasso e do desespero de toda uma geração que “sofre” a modernidade. Da soma dos dois e de tantos outros, uma narrativa quase antropológica, divertida, vertiginosa e voraz, na qual a visão do outro nunca nos pareceu tão real e, ao mesmo tempo, surreal.
O chinês Li é acusado de incendiar lojas de móveis em Buenos Aires. Uma das testemunhas do julgamento é o portenho Ramiro Valestra, técnico em

informática, meio gordinho, sardento e narigudo. Sua vida muda por completo quando é sequestrado pelo oriental durante a fuga em pleno tribunal. Deixará para trás uma mãe alcoólatra, um computador e o carregador de seu iPod, e será levado para o bairro chinês de Buenos Aires.
A partir desse momento, a imersão de Ramiro na desconhecida cultura chinesa pelas ruas de sua cidade natal será completa. O que se vê é um retrato muito especial e um tanto surrealista de um mundo dentro de outro, de uma cultura dentro de outra, e um choque cultural tão comum quanto incomum.
Durante o sequestro (muito estranho, pois ele tem liberdade para andar pelas ruas do bairro), Ramiro percebe que pode começar uma vida nova, longe de seu passado, da ex-namorada judia, da mãe que está sempre bebendo e não o reconhece e do trabalho monótono. As relações entre os personagens serão a chave para isso e para a revelação da grande verdade sobre Li.

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