quarta-feira, 14 de novembro de 2012

“No amor, em algum momento, você terá que ser ingênuo e acreditar. Terá que largar uma vida, refazer sua vida. Terá que abandonar a filosofia pessimista,a inteligência solteira do botequim e se declarar apaixonado. Terá que ser incoerente, contradizer fundamentos inegociáveis. Terá que rasgar a certidão negativa, a proteção bancária, os manifestos de aversão ao casamento e filhos.” Carpinejar

 Num relacionamento amoroso, a mulher não pode bancar a controladora, ciumenta e escandalosa, não pode ligar o tempo todo, escancarar a paixão, afinal, homens não gostam disso. Opa! Cuidado com as generalizações, Fabrício Carpinejar declara: “Quero uma mulher segurando meus dois pés. Segurar os dois pés é carregar no colo”. Ele gosta justamente do tipo de mulher que a sociedade reprova, ou melhor, ele gosta de mulher de verdade, aquela que é emoção não reprimida pela razão. Mas não se trata de uma mera preferência, é defesa que explica, justifica. É crítica aos amigos e demais homens que clamam por liberdade.

É uma obra literária.
Mulher Perdigueira é um livro que reúne crônicas que versam não só sobre a paixão de Carpinejar à mulher que envergonha boa parte da sociedade, como também sobre as situações comuns que ocorrem nos relacionamentos, no jogo da convivência, na sua vida. Talvez por ser poeta, transforma o simples em encantador ou, se preferirem, aponta o encanto do simples, do pequeno, do corriqueiro.


Romântico e cuidadoso na escolha das palavras, Carpinejar nos envolve numa leitura prazerosa. Provocador, nos leva a questionar nossas convicções, a concordar, discordar, duvidar, criar certezas, pensar. Uma leitura que nos provoca é sempre válida.
Indiscreto, abre o livro e, com isso, nos engole num golpe de intimidade. E, então, o leitor se sente em casa. Fica a ligeira sensação de que descobrimos muito sobre o mundo masculino, pelo menos o de um gay heterossexual chamado Carpinejar. Aos homens curiosos por entender nosso universo, muitas constatações sobre a mente e o comportamento feminino. Fica a descoberta de que a dinâmica dos relacionamentos varia muito pouco, mas que, ao mesmo tempo, não se sustenta com receitas. Fica uma lição que vale para qualquer relacionamento: “a dor não pede compreensão, pede respeito.”
Mulher Perdigueira, publicado em 2010, é a dica de leitura para quem quer iniciar 2012 se deparando com uma escrita apaixonada e divertida sobre aquele assunto que interessa a todo ser humano saudável. Olha eu cometendo o erro da generalização novamente...

Livros publicados:
As solas do sol
Um terno de pássaros ao sul
Terceira sede
Biografia de uma árvore
Folhas da selva
Caixa de sapatos
Meu filho, minha filha
Flores da cal
Canalha
Diário de um apaixonado
Mulher perdigueira
O Amor Esquece de Começar
Borralheiro

Prêmios:
Prêmio Fernando Pessoa, da União Brasileira de Escritores (1998)
Prêmio Destaque Literário da 46º Feira do Livro de Porto Alegre (2000)
Prêmio Açorianos de Literatura (2001)
Prêmio Marengo D’Oro – Itália (2001)
Prêmio Cecília Meireles, da União Brasileira de Escritores (2002)
Prêmio Açorianos de Literatura (2002)
Prêmio Nacional Olavo Bilac, da Academia Brasileira de Letras (2003)

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