quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Lançamento editora Geração - amiga da narradora, pratica sexo (ménage a trois)...

50 histórias de alta voltagem erótica e qualidade literária
por 13 escritoras brasileiras da atualidade.


    Erotismo e qualidade literária nem sempre andam juntos. Ao reunir 13 autoras brasileiras de alto nível – algumas delas já veteranas, como Márcia Denser e Cecília Prada, e outras, como Luísa Geisler, de 21 anos, extremamente jovens – esta coletânea fascina por unir esses dois atributos: histórias de altíssima voltagem erótica e plena qualidade artística.
O erotismo que vemos aqui é ora romântico, refinado, implícito, ora obsceno, pervertido, explícito e até bizarro. Reflete de algum modo, e criticamente, nos momentos mais crus, a cultura da pornografia, a indústria do sexo e seus incontáveis produtos.

“Hot dog”, de Állex Leilla, flagra uma mulher no trânsito que de repente se depara com um “ex-amigo” – e aí lhe ocorrem imagens intensas, de instantes que ela passou com o rapaz; a mulher revive ao volante cenas de sexo bizarro. “Enquanto seu lobo não vem”, de Ana Ferreira, a surpreendente autora do explosivo “Amadora”, publicado pela Geração Editorial, é escrito, em forma de carta, da mulher para o marido... pedófilo.
“A sesta”, da consagrada Ana Miranda, é um conto notável – ativa o apetite do leitor ao associar os campos semânticos do sexo e do paladar. “Perversão”, de Ana Paula Maia, é a história de um homem casado cujo prazer erótico está em seduzir outras mulheres e dispensá-las após um jantar romântico, deixando-as arrasadas. “O amante de mamãe”, da jovem e inovadora Andréa del Fuego, é demolidor – a mãe e o pai, as aparências preservadas, optam pela traição; a filha almeja um amante como o da mãe.
Cecilia Prada, em “Insólita flor do sexo”, de um erotismo requintado, relata as descobertas de uma menina de 13 anos num colégio de freiras (tem o desejo despertado por uma das freiras que parece “um homem” e que a menina, retocando-lhe a figura, imagina ser seu “namorado”).
“Romance de calçada”, de outra representante da mais jovem literatura brasileira, Juliana Frank, é magistral – trata-se de uma pequena obra-prima da narrativa sadomasoquista. “Pérolas absolutas”, da experiente Heloisa Seixas, traz como protagonista uma mulher que circula de carro na noite e se depara com um travesti – a narrativa expõe os subterrâneos, as sombras por onde os seres, solitários e sequiosos, deslizam na grande cidade. “Romã”, de Leila Guenther, é a história de Lia e sua relação com um professor de psicologia. Um incesto é insinuado.
Luísa Geisler tem apenas 21 anos e é uma das mais recentes revelações da literatura brasileira. “Penugem”, com um narrador-personagem astuto, aparentando não ser o que de fato é (um pedófilo, “espectador” de sua própria filha), é um conto estupendo. As protagonistas de Márcia Denser – que nos surpreendeu com sua vibrante literatura nos anos 70 – são irônicas, liberadas, permissivas – uma das melhores cenas de sexo de nossa literatura é a do desfecho de “O animal dos motéis”.
Marilia Arnaud é uma contista impiedosa – o premiado “Senhorita Bruna” é sobre ciúme e vingança (traz uma frenética cena de masturbação). “Curiosidade”, de Tércia Montenegro, com a protagonista numa varanda, “nua e indefesa”, induzida pelo parceiro, explora o tema do exibicionismo. “Um caso familiar”, também de Tércia, é um conto imaginativo e impactante – Jéssica, a amiga da narradora, pratica sexo (ménage a trois) com Rubem e nada menos que a avó dele.
Se você gostou desses poucos exemplos das mais que excitantes histórias contidas aqui, não perca tempo: abra este livro e entregue-se sem censura ao prazer.

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