O eminente historiador marxista britânico Eric Hobsbawm, que escreveu sobre os extremos dos séculos XIX e XX e era considerado um dos pensadores imprescindíveis do século passado, morreu nesta segunda-feira aos 95 anos.
"Ele morreu de pneumonia nas primeiras horas da manhã em Londres", afirmou a filha do historiador, Julia Hobsbawm.
O historiador lutava contra a leucemia e faleceu no no Royal Free Hospital da capital britânica.
"Ele fará falta não apenas para sua esposa há 50 anos, Marlene, e seus três filhos, sete netos e um bisneto, mas também por seus milhares de leitores e estudantes ao redor do mundo", completou.
Hobsbawm era uma figura consagrada, mas também controversa, por sua longa ligação com o Partido Comunista, que ele apoiou apesar das atrocidades na União Soviética e no leste europeu.
O livro mais famoso de Hobsbawm, provavelmente, é "Era dos Extremos, o breve século XX (1914-1991), de 1994, que foi traduzido para quase 40 línguas e recebeu muitos prêmios internacionais.
Hobsbawm, que influenciou gerações de historiadores e políticos, é reconhecido por seus três volumes sobre o "longo século XIX": "A Era das Revoluções: Europa 1789-1848", "A Era do Capital: 1848-1875" e "A Era dos Impérios: 1875-1914".
Sua perspectiva marxista foi formada em parte pela experiência de morar na Alemanha no início da década de 1930, quando acompanhou a ascensão de Adolf Hitler ao poder.
Nascido em 9 de junho de 1917 em uma família judaica de Alexandria, Egito, filho de um britânico e de uma austríaca, Hobsbawm foi criado em Viena no período entre as duas grandes guerras mundiais, antes de seguir para Berlim em 1931, depois da morte de seus pais no intervalo de dois anos.
Ele se mudou para Londres dois anos depois, quando Hitler virou chanceler, e entrou para o Partido Comunista britânico em 1936.
Depois de estudar História e obter o Doutorado na Universidade de Cambridge, Hobsbawm se tornou professor em 1947 no Birkbeck College de Londres, centro ao qual seguiu ligado por toda a carreira.
Também foi professor convidado em universidades de prestígio, como Stanford, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) e Cornel.
Fã de jazz, escreveu críticas para a revista britânica New Statesman sob um pseudônimo entre 1956 e 1966.
Hobsbawm nunca abandonou a filiação ao Partido Comunista da Grã-Bretanha, que acabou em 1991, após a queda do Muro de Berlim e o colapso da União Soviética.
"Era dos Extremos", em particular, dividiu leitores de diferentes linhas ideológicas na Grã-Bretanha, com muitos conservadores e liberais afirmando que a obra ignorou as atrocidades soviéticas, mas muitos da esquerda elogiaram a visão marxista da história.
Ele foi indicado para a ordem Companion of Honour em 1998 pelo governo trabalhista do primeiro-ministro Tony Blair.
Hobsbawm casou duas vezes, primeiro com Muriel Seaman em 1943. Após o divórcio em 1951, o historiador casou com Marlene Schwarz.
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