terça-feira, 2 de outubro de 2012

Lisboa: 1939-1945 - GUERRA NAS SOMBRAS



 

Lisboa teve grande importância durante a Segunda Guerra Mundial, mesmo não tendo sido palco de nenhum conflito armado. Única cidade europeia em que tanto os Aliados quanto o Eixo operavam abertamente, a capital de Portugal era também o último portão de saída da Europa e, portanto, o lar temporário de grande parte da realeza europeia exilada, de mais de um milhão de refugiados que procuravam passagem para os Estados Unidos, e de uma série de espiões, polícias secretas, banqueiros, judeus proeminentes, escritores e artistas que tentavam escapar dos conflitos que varriam o continente europeu.
Em Lisboa: 1939–1945: Guerra nas sombras, o respeitado historiador britânico Neill Lochery baseia-se em registros da polícia secreta portuguesa descobertos recentemente, arquivos bancários e documentos inéditos para compor uma narrativa reveladora e envolvente dos bastidores da guerra. Lochery conta a história de um país europeu relativamente pobre que não apenas sobreviveu à guerra fisicamente intacto, como emergiu, ao término, em 1945, muito mais rico do que quando o conflito teve início, em 1939.
Dentre os exilados que estiveram em Lisboa estavam os artistas Marc Chagall e Max Ernst, o ator Leslie Howard, os escritores Arthur Koestler e Grahan Greene e a colecionadora de arte Peggy Guggenheim. Também passou por lá o jovem escritor Ian Fleming, que estava a serviço da Coroa Britânica, mas se inspirou na atmosfera de intrigas da cidade litorânea de Estoril para criar a história do espião mais famoso do mundo, James Bond. Para somar ao clima de intrigas, não poderia faltar um plano falho de assassinato. Neste caso, contra o duque e a duquesa de Windsor.
Não por acaso, Lisboa ficou conhecida no período como Casablanca II, em referência à cidade do filme estrelado por Humphrey Bogart e Ingrid Bergman. A capital portuguesa era a única cidade europeia em que tanto os Aliados e o Eixo operavam abertamente. Tudo sob o olhar da Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) e do líder português, António de Oliveira Salazar, que via a neutralidade não como um conceito rígido, mas como uma forma de maximizar o ganho português com a guerra econômica.
Apesar da pressão que sofria tanto do Eixo quando da Grã-Bretanha, um aliado histórico, Salazar conseguiu manter-se neutro, garantindo assim a manutenção da integridade física do império português e a estabilidade econômica. Até hoje, dizem que nos Cofres do Banco de Portugal ainda existem barras de ouro estampadas com a insígnia nazista.

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