Se no seu primeiro e mais famoso livro, Clube da Luta, Chuck Palahniuk fazia críticas ao consumismo do American way of life, em Sobrevivente, relançada no Brasil pela editora Leya em 2012, ele alfineta a cultura das religiões e seitas do mundo.
Sobrevivente conta a história de Tender Branson, último sobrevivente de uma seita religiosa do interior dos Estados Unidos que todos os seguidores cometeram suicídio coletivo (uma clara sátira ao Massacre de Jonestown) no que ficou conhecido como a “Libertação”. Tender sequestra um avião e enquanto os seus quatro motores não falham, ele conta a história da sua vida para a caixa-preta, mostrando como passou de um homem decadente que incentivava suicídios pelo telefone à uma celebridade religiosa.
É impossível não fazer comparações a Clube da Luta. Chuck ainda mantêm seu estilo de escrita, dinâmico e que nos faz querer ler o livro todo de uma só vez. Embora não tenha um personagem tão carismático como Tyler Durden, a história consegue ser mais profunda do que a de Clube da Luta. O ritmo de um capítulo é quebrado logo no começo do outro, até que ele se recupera no meio do capítulo até o final dele, fazendo assim uma “montanha-russa” que caracteriza Chuck Palahniuk.
Os capítulos e as páginas de Sobrevivente são enumerados te trás para frente, o que nos faz ficar mais desesperado a cada página para saber como a história de Tender Branson chegou àquele ponto. Nosso protagonista não é um herói ou vilão, ele é só mais uma pessoa. Uma pessoa que nasceu numa comunidade com valores deturpados e que viu a oportunidade de se tornar uma celebridade religiosa num país que tropeça nos próprios valores, onde qualquer um pode se tornar modelo de qualquer coisa. Uma verdadeira crítica ao fanatismo religioso e as consequências que ele traz.
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