Sem sombra de dúvida, Clint Eastwood é um dos maiores ícones da história da sétima arte. Mesmo não apresentando o glamour de astros como Humphrey Bogart ou Clark Gable, que brilharam nos anos 40, ele fez história a partir da década de 50 como uma das estrelas máximas de Hollywood, como ratificou a revista Empire, que o colocou em segundo lugar no ranking dos 100 maiores astros de todos os tempos.
Nascido em São Francisco, Clint, à época Clinton Jr., vivia uma vida de nômade com os pais, que estavam sempre mudando de cidade. Passou boa parte da adolescência em Oregon e se mudou para Seattle em 1951, já com 21 anos. Lá, ingressou no exército, onde atuou como salva vidas e instrutor de natação. Na instituição militar conheceu um amigo que lhe indicou para o primeiro trabalho envolvendo o cinema, na Universal Pictures.
De volta à Califórnia, deu início a sua histórica trajetória. Em 1955, fez sua estreia como ator em um papel não creditado em Revenge of the Creature. Realizou ainda vários chamados filmes B, como Lady Godiva,Tarantula, Never Say Goodbye e Star in the Dust, todos sem contar com o nome nos créditos. Quase abandonou a carreira de intérprete, mas em 59 conseguiu um papel de coadjuvante na série televisiva Rawhide, onde ficou por seis anos e acabou roubando o posto de protagonista.
O convite que mudaria sua carreira veio em 1964. O cineasta italiano Sergio Leone convocou o ator para interpretar "o homem sem nome" de Por Um Punhado de Dólares, filme que deu início não só à Trilogia dos Dólares, mas também a todo um gênero: o bang bang à italiana ou western spaghetti. Na sequência, Clint e Leone realizaram Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966). Os longas só chegaram aos cinemas dos Estados Unidos em 1968, mas foi o suficiente para elevar o ator ao patamar de astro. Antes disso, em 67, é comandado porVittorio De Sica no capítulo "Sera Come Le Altre, Una", do filme-coletivo As Bruxas, que contava ainda com a presença dos diretores Pier Paolo Pasolini, Luchino Visconti, Franco Rossi e Mauro Bolognini.
No final da década de 60, já visto como ícone do gênero, estrela os faroestes A Marca da Forca e Os Aventureiros do Ouro, isso sem falar nos dramas de ação Meu Nome É Coogan e O Desafio das Águias. Filmes como Os Abutres Têm Fome, O Estranho Sem Nome e Josey Wales - O Fora da Lei provam que o westernnão ficou de lado nos anos 70, mas sem dúvida podemos ver Eastwood se destacando também em um ambiente mais urbano. Em 71, assumiu o papel do detetive Harry Callahan, também conhecido com Dirty Harry, emPerseguidor Implacável. Voltou ao personagem outras quatro vezes, em Magnum 44, Sem Medo da Morte,Impacto Fulminante e Dirty Harry na Lista Negra.
Também em 1971, Eastwood fez sua estreia na direção em dose dupla. Primeiro veio o curta documental O Estranho que Nós Amamos - O Contador de Histórias, sobre os bastidores das filmagens de O Estranho que Nós Amamos, de Don Siegel, e depois surgiu Perversa Paixão. Apesar de ter deixado de ser algo certo mais a frente na carreira, no início, Clint estrelou a maioria dos filmes que dirigiu, como Escalado para Morrer, Rota suicida, Bronco Billy e O Destemido Senhor da Guerra.
Mesmo marcado pelo jeito durão em que aparece em seus filmes, Clint nunca conquistou a antipatia das pessoas e, com o tempo, foi provando que também era um sujeito de sensibilidade artística única. O primeiro exemplo disso talvez tenha sido Bird, drama estrelado por Forest Whitaker que conta a história do músico Charles Parker. O cineasta demonstra toda a sua paixão pelo jazz e pela música no longa. Nos anos 80, como se não bastasse o trabalho como ator, diretor e produtor, Eastwood "inventa" de assumir a função de compositor e, assim como nas demais, o faz com maestria.
Foi eleito prefeito da cidade de Carmel, em 1986, na Califórnia, e foi convidado para ser mais ativo dentro do partido Republicano, mas preferiu não dar seguimento à carreira política, para a felicidade da sétima arte.
Em 1992, dirigiu Os Imperdoáveis, que é considerado por muitos como o último grande faroeste, sendo a despedida com chave de ouro do gênero que o consagrou. A produção conquistou quatro prêmios Oscar, incluindo Melhor Diretor e Melhor Filme. Dois anos mais tarde, realizou e estrelou o drama romântico As Pontes de Madison, ao lado de Meryl Streep, e levou muita gente a se emocionar nas salas de cinema.
A segunda metade dos anos 90 gerou produções menos badaladas e de qualidade mais questionável, como Poder Absoluto, Crime Verdadeiro e, principalmente, Cowboys do Espaço. Estrelado por Kevin Spacey, John Cusack eJude Law, Meia-noite no Jardim do Bem e do Mal foi sua melhor obra no período.
A "má fase" - que nunca chegou a ser ruim de verdade - acabou em 2003 com o intenso drama Sobre Meninos e Lobos, que rendeu um Oscar de Melhor Ator para Sean Penn e um de Melhor Ator Coadjuvante para Tim Robbins. No ano seguinte, voltou a dar duas estatuetas da Academia para dois nomes de seu elenco com as premiações deHilary Swank e Morgan Freeman pelas atuações no surpreendente e devastador Menina de Ouro, que também lhe rendeu uma nova conquista como diretor.
Depois de Million Dollar Baby (no original), Clint ficou quatro anos sem atuar, voltando apenas no belo Grand Torino. Neste meio tempo, no entanto, dirigiu três produções, incluindo os audaciosos A Conquista da Honra eCartas de Iwo Jima, em que trouxe a mesma história a partir de perspectivas diferentes. O terceiro projeto foi A Troca, em que comandou Angelina Jolie no papel de uma mãe que tem o filho raptado e faz de tudo para reencontrá-lo.
Após dirigir Matt Damon em dois projetos (Invictus e Além da Vida), o cineasta se uniu ao ator Leonardo DiCaprio para contar a história de John Edgar Hoover, um dos principais responsáveis pela criação do FBI e ícone do serviço secreto nos Estados Unidos. No mesmo ano em que lançou J. Edgar, Clint anunciou que voltaria a atuar em um filme de outro diretor, algo que não acontecia desde 1993 (Na Linha de Fogo). Ele assinou para interpretar um olheiro do mundo do baseball que está perdendo a visão em Trouble With the Curve. O longa marca a estreia na direção de Robert Lorenz, que é sócio de Eastwood na Malpaso Productions e que participou como assistente de direção ou diretor de segunda unidade de vários de seus longas.
Como ator, ele nos seduz com seu charme de durão. Como diretor e produtor, ele nos surpreende com seu talento e conhecimento técnico. Como um ícone de Hollywood, Clint Eastwood é uma das maiores lendas vivas da sétima arte e concebe algumas das melhores realizações da história do cinema americano. Em Clint Eastwood – Nada censurado, o autor bestseller e aclamado historiador cinematográfico Marc Eliot escreve com inabalável sinceridade sobre altos e baixos de Eastwood, seus sucessos e fracassos artísticos e a relação fascinante e complexa entre sua vida e seu ofício. Cheio de informações preciosas sobre a vida pessoal e a obra de Eastwood, este livro é mais que uma leitura divertida: é a biografia mais completa de uma das trajetórias mais respeitadas e amadas de Hollywood.
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