Há dois motivos para ler esse livro. O primeiro, mais óbvio, é que o autor, o norueguês Karl Ove Knausgaard, é uma das maiores estrelas da edição deste ano da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), que acontece de 3 a 7 de julho. O segundo é que o título abre uma das séries mais festejadas da literatura do norte europeu, que deu fama mundial ao seu escritor. E pode-se falar de um terceiro, também: na série Minha Luta, cujo título é provocadoramente emprestado da famosa obra de Adolf Hitler, Knausgaard empreende um projeto semelhante ao de Proust no clássico Em Busca do Tempo Perdido. O autor reconta em seis volumes a sua vida, e ao seu jeito, sem perdoar ninguém, nem o pai, com quem manteve a complexa relação narrada aqui.
Uma noite de ano-novo e rebeldia, regada a cervejas vedadas aos menores, um amasso nauseante na primeira namorada, um show fracassado com a banda de punk no shopping center - em "A morte do pai", Karl Ove Knausgård se concentra em narrar os anos de sua juventude. Ao embarcar numa investigação proustiana e incansável do próprio passado, o narrador busca entender, sobretudo, a trajetória de seu pai, figura distante e insondável que acaba entrando em declínio e levando o núcleo familiar à ruína. Honesto e sensível, Knausgård investiga também o próprio presente - aos 39 anos, pai de três filhos, ele deve se ajustar à rotina em família e desempenhar as tarefas de pai, trocar fraldas e apartar brigas, tudo isso enquanto tenta escrever seu novo romance, numa luta diária.
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