O objetivo deste livro é caracterizar a percepção dos professores sobre adaptação curricular, correlacionando seu conhecimento sobre o assunto à prática pedagógica. A hipótese que guiou este trabalho foi a de que as dificuldades para o ensino de língua portuguesa para surdos e a incerteza na definição do que seria adaptação curricular nessa disciplina caracterizam a percepção do professor das escolas inclusivas. Os procedimentos metodológicos incluíram coleta de dados por meio de observações de aulas, registros em vídeo e entrevistas semiestruturadas. Os dados foram analisados à luz da literatura e revelam que a percepção dos professores sobre adaptação curricular em Língua Portuguesa para surdos é a de que se deve tolerar que sua produção textual não contemple aspectos significativos na estrutura dessa língua, como elementos conectivos e flexão verbal, por estarem baseadas na estrutura linguística de sua primeira língua, que é a língua de sinais. Os resultados desta pesquisa podem servir como subsídios para possíveis projetos na área de educação e para planejamentos de ensino que incluam adaptações curriculares e estratégias que privilegiem os saberes e as capacidades dos alunos surdos e contemplem abordagens mais democráticas e verdadeiramente inclusivas, pautadas no direito universal à educação e à cidadania e no respeito às diferenças.

Veridiane Pinto
Professora e intérprete de Língua Brasileira de Sinais. Formada em Letras-Português e Pedagogia, com especializações em Libras/Educação Bilíngue e Educação Especial. É mestre em Educação pela Universidade do Vale do Itajaí UNIVALI, e doutorando em Estudos da Tradução pela Universidade Federal de Santa Catariana UFSC. Atuou como professora alfabetizando crianças surdas em escola para surdos e como intérprete de Libras nos ensinos fundamental, médio e superior. Atualmente é professora da disciplina de Libras na UNIVALI e no Instituto Federal Catarinense IFC. Também atua como professora em cursos de especialização que envolvam a educação de surdos