terça-feira, 26 de março de 2013

O suspense atinge seu auge após o arrepiante duelo de mentes geniais que reflete um dos mais conflituosos aspectos da natureza humana: a eterna luta entre o bem e o mal.
DRAGÃO VERMELHO, é o livro de Thomas Harris que deu origem ao canibal Hannibal Lecter, personagem encarnado por Anthony Hopkins em "Silêncio dos Inocentes" e "Hannibal". Enquanto no romance O silêncio dos inocentes o médico psicopata Hannibal Lecter envolve em uma teia mortífera e sedutora uma bela agente do FBI, em Dragão vermelho ele reencontra Will Graham, o homem que o mandou para a prisão. Após ter obtido provas suficientes para condenar o canibal Hannibal Lecter e ter sido esfaqueado por outro psicopata, o agente especial do FBI, Will Graham, considerado paranormal por possuir percepção aguçada, retira-se com a esposa e o enteado para a Flórida, onde passa a se ocupar de uma marina de pesca. Mas essa tranquilidade é interrompida quando um antigo chefe pede-lhe que investigue uma série de crimes misteriosos em que a vítima é sacrificada após assistir à morte do marido e dos filhos. Graham então procura Lecter, cujo profundo conhecimento da mente criminosa pode fornecer-lhe as pistas de que precisa para chegar até o assassino. O encontro se realiza e o médico envolve o policial numa rede de armadilhas com intuito de inverter os papéis e incriminá-lo. 
Crítica: Dragão Vermelho:
Em 1991, O silêncio dos inocentes (The silence of the lambs, por Jonathan Demme) entrou para a história como um dos melhores filmes de suspense já realizados. A inesquecível e assustadora interpretação de Anthony Hopkins como o assassino serial Hannibal O Canibal Lecter garantiu ao ator um lugar de honra na galeria dos maiores vilões do cinema. A produção também fez bonito na premiação do Oscar de 1992, quebrando tabus e levando cinco das sete estatuetas a que foi indicada, incluindo melhor diretor, melhor ator (Anthony Hopkins), melhor atriz (Jodie Foster) e melhor filme.
Uma década depois, em 2001, o diretor Ridley Scott(Gladiador, Falcão Negro em perigo, Blade Runner), apresentou ao público Hannibal, a continuação da história. Com Hopkins de volta à personagem que o consagrou, faltava apenas Jodie Foster que, estranhamente, recusou o filme após ler o roteiro. A explicação para o receio da atriz veio assim que a seqüência entrou em cartaz. Nada condizente com o terror psicológico de O silêncio dos inocentes, onde a violência era mais implícita do que gráfica, Hannibal foi um festival de alegorias sanguinolentas. Mas também... o que esperar de um filme baseado em um romance que fora considerado um dos piores de 99?
Felizmente, o que faltou em Hannibal, o recente Dragão Vermelho (Red Dragon, 2002) tem de sobra. Toda a velha classe do Dr. Lecter está de volta no espetáculo, que segue a cartilha de O silêncio à risca e desenvolve com sucesso momentos de suspense dignos de seu antecessor.
A história de Dragão Vermelho já é velha conhecida das telonas de cinema. O romance homônimo de Thomas Harrishavia recebido uma adaptação em 1986 (Manhunter, dirigida por Michael Mann). A tarefa de trazê-la novamente aos cinemas foi atribuída a Brett Ratner, que, até então, só havia dirigido filmes leves como A hora do rush 1 e 2 (Rush hour - 1998 e 2001) e Um homem de família (The family man, 2001). Ele demonstra maturidade suficiente para não tentar forçar um estilo que ainda não desenvolveu e deixa a parte artística a cargo da bela direção de fotografia de Dante Spinotti e da arrepiante trilha sonora de Danny Elfman.
Dragão Vermelho, que se passa antes dos eventos de O silêncio dos inocentes, começa com um prelúdio no qual o agente do FBI Will Graham (Edward Norton) pede ajuda em um caso ao psiquiatra Hannibal Lecter. O que Graham não sabe é que Lecter está manipulando as pistas para desviar a atenção do investigador de si próprio, pois ele é o responsável pelas mortes. Quando Graham desconfia da verdade já é tarde... e ele se torna a próxima vítima do assassino.
Anos depois, recuperado do ataque quase fatal, Graham passa os seus dias consertando barcos no litoral com sua esposa (Mary-Louise Parker) e filho, bem longe dos perigos do Bureau de Investigação. Todavia, ele é chamado quando uma nova série de assassinatos seriais começa nos Estados Unidos. Seu antigo superior (Harvey Keitel, competente como sempre) consegue sensibiliza-lo para que volte à ativa no caso da Fada dos Dentes. Empenhado em descobrir o maníaco, Graham recorre ao seu melhor parceiro no passado - a única pessoa que, como ele, consegue compreender a lógica da mente de um criminoso -, o Dr. Hannibal Lecter, preso em um asilo para criminosos insanos de segurança máxima.
Inicialmente, Lecter parece que será - como em Hannibal - tratado como uma assustadora caricatura, mas conforme a fita avança, suas intenções são reveladas e toda a espetacular interpretação de Hopkins aflora, não deixando dúvidas de que o Canibal está de volta. Ao seu lado, Norton e Ralph Fiennes - imperdível como o vilão Francis Dolarhyde, o Dragão Vermelho do título - estão excepcionais. Graham é tão carismático quanto Clarice Starling (Jodie Foster emO silêncio...) e Dolarhyde é tão assustador quanto Lecter, sendo que, em alguns momentos, sua confusão mental, desencadeada pela paixão pela deficiente visual Reba (Emily Watson), chega a dar pena.
E se minha recomendação no final da resenha de Hannibal foi fuja do filme, devo dizer que, desta vez, você deve passar o seu fim de semana na companhia do mais sádico, inteligente e classudo vilão que o cinema já produziu. Não vá jantar sem ele.
                                                                    

 

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