Inéditos, o diário e as anotações da menina Helga Weiss se estendem desde a ocupação da Tchoslováquia em 1938 até o final da Segunda Guera Mundial em 1945.
Calcula-se que das 15.000 crianças que passaram pelo campo de internamento de Terezín, na antiga Tchecoslováquia, apenas 100 chegaram com vida ao fim da Segunda Guerra Mundial. A respeitada artista plástica Helga Weiss é autora de um dos mais comoventes testemunhos do Holocausto. Aos 83 anos, ela vive em Praga, no mesmo apartamento em que morou com os pais antes da deportação.
Em 1938, por ocasião da ocupação nazista em seu país, a menina de 8 anos, filha de um bancário e uma costureira, começou a escrever e a desenhar suas impressões sobre tudo que aconteceu com sua família. Em um caderno, Helga narra a segregação dos judeus ainda em Praga, a desumana rotina de privações e doenças de Terezín e sua peregrinação ao lado da mãe por campos de extermínio como Auschwitz, onde escapou por pouco da câmara de gás.
Artista plástica, Weiss, de 84 anos, desenhou desde cedo, e, graças à habilidade, pôde documentar de forma rara o cotidiano não só do notório campo de Auschwitz como do gueto de Terezin, na cidade tcheca de mesmo nome. Weiss foi enviada para lá com apenas 13 anos.
Desde então registrou, sempre às escondidas, detalhes de sua rotina. Não é apenas a inocência
dos instantâneos das agruras que chama a atenção, mas também a evolução de traços e perspectivas, um domínio técnico adquirido em circunstâncias que não poderiam ser mais desafiadoras.
"Desenhar e escrever eram formas de tentar encontrar algum sentido em tudo aquilo o que passávamos, ao mesmo tempo em que servia como um desafio aos nazistas", afirmou Weiss em entrevista à Folha, durante uma visita promocional a Londres para o lançamento do livro.
"Tentaram nos privar de estudar, e desde cedo meus pais e outros prisioneiros pensavam além da barbárie, em como a educação seria importante para o pós-Guerra."
MENGELE
Aos 15 anos, Weiss foi enviada para Auschwitz junto com a mãe, Irena. Por puro acaso, escaparam das câmaras de gás num dia em que a separação de gente apta ou não para os trabalhos forçados foi feita pelo carrasco Joseph Mengele ("Já vi escrito que o persuadi a nos liberar, mas nem palavras trocamos'', conta a artista).
Ao contrário do pai, Otto, Helga e Irena sobreviveram --no caso de crianças e adolescentes enviados de Terezin para Auschwitz, cerca de cem entre 15 mil tiveram a mesma sorte.
No retorno à Praga, lutaram para recuperar o apartamento da família, no qual Weiss vive até hoje.
Depois dos horrores do nazismo, conviveram também com a opressão soviética. "Parecia que tudo iria começar novamente'', lembra a autora tcheca.
FANTASMAS
Embora participe de diversas atividades típicas de sobreviventes, como palestras, Weiss ainda luta contra os fantasmas do passado.
Por décadas os manuscritos e desenhos ficaram engavetados, e foi somente uma conversa com um agente literário britânico durante um concerto em homenagem a Terezin, realizado em Londres em 2010, que a convenceu a publicar os diários.
"Não aprendemos nada com o que aconteceu no Holocausto. Continuo vendo muita intolerância e opressão e espero que as pessoas que leiam o livro reflitam. Tanto pela tragédia mas também pelo lado da esperança."
Calcula-se que das 15.000 crianças que passaram pelo campo de internamento de Terezín, na antiga Tchecoslováquia, apenas 100 chegaram com vida ao fim da Segunda Guerra Mundial. A respeitada artista plástica Helga Weiss é autora de um dos mais comoventes testemunhos do Holocausto. Aos 83 anos, ela vive em Praga, no mesmo apartamento em que morou com os pais antes da deportação.
Em 1938, por ocasião da ocupação nazista em seu país, a menina de 8 anos, filha de um bancário e uma costureira, começou a escrever e a desenhar suas impressões sobre tudo que aconteceu com sua família. Em um caderno, Helga narra a segregação dos judeus ainda em Praga, a desumana rotina de privações e doenças de Terezín e sua peregrinação ao lado da mãe por campos de extermínio como Auschwitz, onde escapou por pouco da câmara de gás.
Artista plástica, Weiss, de 84 anos, desenhou desde cedo, e, graças à habilidade, pôde documentar de forma rara o cotidiano não só do notório campo de Auschwitz como do gueto de Terezin, na cidade tcheca de mesmo nome. Weiss foi enviada para lá com apenas 13 anos.
Desde então registrou, sempre às escondidas, detalhes de sua rotina. Não é apenas a inocência
dos instantâneos das agruras que chama a atenção, mas também a evolução de traços e perspectivas, um domínio técnico adquirido em circunstâncias que não poderiam ser mais desafiadoras.
"Desenhar e escrever eram formas de tentar encontrar algum sentido em tudo aquilo o que passávamos, ao mesmo tempo em que servia como um desafio aos nazistas", afirmou Weiss em entrevista à Folha, durante uma visita promocional a Londres para o lançamento do livro.
"Tentaram nos privar de estudar, e desde cedo meus pais e outros prisioneiros pensavam além da barbárie, em como a educação seria importante para o pós-Guerra."
MENGELE
Aos 15 anos, Weiss foi enviada para Auschwitz junto com a mãe, Irena. Por puro acaso, escaparam das câmaras de gás num dia em que a separação de gente apta ou não para os trabalhos forçados foi feita pelo carrasco Joseph Mengele ("Já vi escrito que o persuadi a nos liberar, mas nem palavras trocamos'', conta a artista).
Ao contrário do pai, Otto, Helga e Irena sobreviveram --no caso de crianças e adolescentes enviados de Terezin para Auschwitz, cerca de cem entre 15 mil tiveram a mesma sorte.
No retorno à Praga, lutaram para recuperar o apartamento da família, no qual Weiss vive até hoje.
Depois dos horrores do nazismo, conviveram também com a opressão soviética. "Parecia que tudo iria começar novamente'', lembra a autora tcheca.
FANTASMAS
Embora participe de diversas atividades típicas de sobreviventes, como palestras, Weiss ainda luta contra os fantasmas do passado.
Por décadas os manuscritos e desenhos ficaram engavetados, e foi somente uma conversa com um agente literário britânico durante um concerto em homenagem a Terezin, realizado em Londres em 2010, que a convenceu a publicar os diários.
"Não aprendemos nada com o que aconteceu no Holocausto. Continuo vendo muita intolerância e opressão e espero que as pessoas que leiam o livro reflitam. Tanto pela tragédia mas também pelo lado da esperança."
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