A literatura está repleta de erotismo. Autores discretos, safados, clássicos, contemporâneos…
Literatura Erótica é sempre um presente de bom gosto, muito insinuante e atemporal. Pesquisando por aí, checando indicações ou remexendo na memória cheguei a esta pequena lista tentando mesclar autores e títulos consagrados, a nome e obras mais contemporâneas. É claro que é impossível fazer apenas uma lista, com tantas boas obras por aí, mas… Por hora ficam estas 10 dicas, mas os comentários estão abertos para mais indicações...
A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro
Reza a lenda que A Casa dos Budas Ditosos, participação mais que representativa da Luxúria, escrita por João Ubaldo Ribeiro para a coleção Plenos Pecados da Editora Objetiva, é a transcrição dos originais relatos de CLB, uma senhora de 68 anos, nascida na Bahia, mas moradora do RJ, que viveu o sexo pelo prazer sem nenhum tabu ou culpa, que lhes foram entregues anonimamente em fitas. Verdade ou marketing? Quem vai saber… O que sabemos é que o livro não chega a ser sensual apesar do discurso erótico, mas através de relatos descritivos das experiências sexuais da personagem (que tem entre eles, menor seduzindo um adulto, incesto, sexo com garotos de programa, o casamento com um bissexual, surubas com religiosos…) nos leva à reflexão sobre temas tabus relacionados à sexualidade.
A Entrega, de Toni Bentley
Relato pessoal da autora, que catalogava suas experiências anais e colecionava as camisinhas usadas, que resultou no livro. Após um casamento fracassado e um bando de relacionamentos monogâmicos e experiências sexuais insatisfatórias, com A. (lembrei da sopa de letrinhas do meu antigo blog Me and My Secret Life) a autora experimenta uma experiência quase transcedental de redescoberta do prazer sexual e uma verdadeira viagem pessoal para dentro e fora de si, desencadeadas à partir dessa relação que mescla masoquismo e submissão, sobretudo o prazer com o sexo anal. Para saber mais sobre o livro, vale ler uma excelente resenha de Leônidas Pellegrini, no Digestivo Cultural.
A Filosofia na Alcova, de Marquês de Sade
Difícil escolher apenas um livro na vasta obra do literato Marquês de Sade, um libertino tratado como marginal (e louco) por não adequar-se à moral da época. Se é para indicar um, nada melhor que este. Imagine uma apologia à liberdade individual, levando o conceito a um ponto tão extremo, onde qualquer crime ou pecado pode ser justificável com base no prazer, e desdenhar toda e qualquer restrição social?! A Filosofia na Alcova conta a história da educação sexual da jovem Eugénie de Mistival, tendo como mestres Madame de Saint-Ange e Dolmancé. As tais “lições” eram todos os tipos de práticas sexuais, com demonstrações práticas e orgasmos filosóficos, já que todo o tempo os personagens dialogam não só sobre sexo, mas também sobre assuntos como religião, política e direito. Indico a excelente resenha de Nemo Nox, resenha de onde tirei esta descrição.
A vida sexual de Catherine M. , de Catherine Millet
Homem x Mulher. Sexo x Amor. A gente cresce sendo condicionado a acreditar nas diferenças claras que sexualmente mulheres são diferentes dos homens por um tanto de coisas, mas sobretudo que homens fazem sexo com e sem amor, enquanto mulheres só fazem sexo por amor. Catherine Millet vai na contramão dessa história e mostra que é possível sim mulheres (ela) fazer sexo por sexo e narra de maneira “extremamente honesta” suas experiências sexuais as mais variadas possíveis (homens, mulhers, travesti, surubas…), sem maiores análises ou explicações. Sexo por sexo, porque sexo é ótimo!
Crash, de J.G. Ballard
Crash é um livro estranho (estranho é o fetiche do outro, lembram?). E isso porque, em uma narrativa em primeira pessoa, o autor relata (neste livro de 1973) explicitando cenas e sensações sinestesicamente com riqueza de detalhes, a existência de fetichistas, quase uma irmandade, de homens e mulheres que tem prazer em acidentes automobilísticos. A ponto de recriar cenas de acidentes, acrescentando o detalhe sexual. Uma verdadeira distorção e interpretação, onde o falo que penetra o corpo, passa a ser o ferro distorcido que dilacera a carne. A explicação é meio simplista porque é difícil explicar este enredo erótico/psicológico que assombra e excita. A obra já teve sua versão cinematográfica, não menos estranha, com direção de David Cronenberg e James Spader como protagonista. Também vale conferir.
História de O, de Pauline ReageEis um clássico da literatura sadomasoquista, não conheço uma submissa que não se derreta diante da História de O. Aliás, este livro está para as submissas assim como a Vênus das Peles para os submissos. E isso porque ao longo da história O – uma fotógrafa de moda pariesiense - é Dominada, vendada, humilhada, acorrentada, marcada e ainda por cima é treinada para ser uma verdadeira escrava sexual. Para ser usada no sexo oral, vaginal, anal… Ou o que for do desejo do seu Senhor. O mais interessante da história é que quanto mais O reage contra seus infortúnios, contra a tortura a qual é submetida, quanto mais ela luta contra esta “escravidão”, mais envolvida e excitada ela fica. Descobrindo um prazer inverso, um prazer onde a verdadeira liberdade está em não ter controle sobre si. Indico a resenha de Davi Lara, que explora um pouco mais do lado psicológico do livro.
O Amante de Lady Chatterley, de D. H. Lawrence
Já comentei por aqui que O Amante de Lady Chatterley tem grande influência na minha formação como leitora safadinha porque ainda adolescente, e já apaixonada pela leitura, eu lia o que tinha ao meu alcance e como ele fazia parte do acervo do meu pai… Antes mesmo de saber o conteúdo, creio que o título me chamou atenção. Acho que um ponto a ressaltar é que o livro (e o autor) foi considerado transgressor em sua época, não só por contar a história de uma aristocrata que trai seu marido tendo um caso com o seu guarda-caças (este é o fio condutor da história), mas sobretudo por detalhar as cenas de sexo com riqueza de detalhes e lirismo. Em toda obra de Lawrence as paixões e o sexo são as forças que regem as relações, independente de idade, gênero ou condição social. Saiba mais sobre o livro e a obra do autor no site Cama na Rede, clicando aqui.
Trópico de Câncer, de Henry MillerMais um autor que é quase impossível indicar apenas um livro, pois toda a obra de Henry Miller é recheada de safadeza. Trópico de Câncer é seu primeiro livro e foi editado quando já tinha quase 50 anos. O autor, um putanheiro boêmio e literata, relata neste livro em um tom extremamente confessional suas aventuras sexuais com prostitutas, dando uma conotação ritualística, quase sacra ao ato sexual. O sexo relatado por Miller consegue ter uma linguagem clara, quase pornográfica, sem perder a essência de uma grande obra. O fato deste livro ter sido censurado em quase todos os países em que foi lançado, funcionou como marketing, pois aguçou a curiosidade dos leitores. Trópico de Câncer durante anos e anos foi considerado um referencial nas masturbações adolescentes, em um tempo onde não havia internet ou filme pornô. No entanto, sua obra é atemporal. Também indico o texto do Cama na Rede para saber mais sobre a obra e o autor.
100 escovadas antes de ir para a cama, de Melissa Paranello
conta a história de uma adolescente, como tantas outras, que dos 15 aos 16 anos relatou em um diário suas desventuras sociais (que adolescente não se sente negligenciado?) e descobertas sexuais (atualmente cada vez mais precoces). O livro (que estou lendo) tem forte teor erótico, explícito até. Já escrevi por aqui sobre o filme baseado no livro, e também do quanto me senti tocada pelo enredo. Talvez porque já tive um diário, talvez porque apesar de amar e respeitar minha mãe eu tenha precisado viver minhas próprias experiências, não sei… Não tenho filhos, portanto, mesmo que eu imagine, sequer tenho noção de como seria educar alguém, preparar para o mundo, para a vida, para o sexo… Indico a leitura para pais, muito mais como alerta, do que pelo teor erótico em si.
Literatura Erótica é sempre um presente de bom gosto, muito insinuante e atemporal. Pesquisando por aí, checando indicações ou remexendo na memória cheguei a esta pequena lista tentando mesclar autores e títulos consagrados, a nome e obras mais contemporâneas. É claro que é impossível fazer apenas uma lista, com tantas boas obras por aí, mas… Por hora ficam estas 10 dicas, mas os comentários estão abertos para mais indicações...
A Casa dos Budas Ditosos, de João Ubaldo Ribeiro
Reza a lenda que A Casa dos Budas Ditosos, participação mais que representativa da Luxúria, escrita por João Ubaldo Ribeiro para a coleção Plenos Pecados da Editora Objetiva, é a transcrição dos originais relatos de CLB, uma senhora de 68 anos, nascida na Bahia, mas moradora do RJ, que viveu o sexo pelo prazer sem nenhum tabu ou culpa, que lhes foram entregues anonimamente em fitas. Verdade ou marketing? Quem vai saber… O que sabemos é que o livro não chega a ser sensual apesar do discurso erótico, mas através de relatos descritivos das experiências sexuais da personagem (que tem entre eles, menor seduzindo um adulto, incesto, sexo com garotos de programa, o casamento com um bissexual, surubas com religiosos…) nos leva à reflexão sobre temas tabus relacionados à sexualidade.
A Entrega, de Toni Bentley
Relato pessoal da autora, que catalogava suas experiências anais e colecionava as camisinhas usadas, que resultou no livro. Após um casamento fracassado e um bando de relacionamentos monogâmicos e experiências sexuais insatisfatórias, com A. (lembrei da sopa de letrinhas do meu antigo blog Me and My Secret Life) a autora experimenta uma experiência quase transcedental de redescoberta do prazer sexual e uma verdadeira viagem pessoal para dentro e fora de si, desencadeadas à partir dessa relação que mescla masoquismo e submissão, sobretudo o prazer com o sexo anal. Para saber mais sobre o livro, vale ler uma excelente resenha de Leônidas Pellegrini, no Digestivo Cultural.
A Filosofia na Alcova, de Marquês de Sade
Difícil escolher apenas um livro na vasta obra do literato Marquês de Sade, um libertino tratado como marginal (e louco) por não adequar-se à moral da época. Se é para indicar um, nada melhor que este. Imagine uma apologia à liberdade individual, levando o conceito a um ponto tão extremo, onde qualquer crime ou pecado pode ser justificável com base no prazer, e desdenhar toda e qualquer restrição social?! A Filosofia na Alcova conta a história da educação sexual da jovem Eugénie de Mistival, tendo como mestres Madame de Saint-Ange e Dolmancé. As tais “lições” eram todos os tipos de práticas sexuais, com demonstrações práticas e orgasmos filosóficos, já que todo o tempo os personagens dialogam não só sobre sexo, mas também sobre assuntos como religião, política e direito. Indico a excelente resenha de Nemo Nox, resenha de onde tirei esta descrição.
A vida sexual de Catherine M. , de Catherine Millet
Homem x Mulher. Sexo x Amor. A gente cresce sendo condicionado a acreditar nas diferenças claras que sexualmente mulheres são diferentes dos homens por um tanto de coisas, mas sobretudo que homens fazem sexo com e sem amor, enquanto mulheres só fazem sexo por amor. Catherine Millet vai na contramão dessa história e mostra que é possível sim mulheres (ela) fazer sexo por sexo e narra de maneira “extremamente honesta” suas experiências sexuais as mais variadas possíveis (homens, mulhers, travesti, surubas…), sem maiores análises ou explicações. Sexo por sexo, porque sexo é ótimo!
Crash, de J.G. Ballard
Crash é um livro estranho (estranho é o fetiche do outro, lembram?). E isso porque, em uma narrativa em primeira pessoa, o autor relata (neste livro de 1973) explicitando cenas e sensações sinestesicamente com riqueza de detalhes, a existência de fetichistas, quase uma irmandade, de homens e mulheres que tem prazer em acidentes automobilísticos. A ponto de recriar cenas de acidentes, acrescentando o detalhe sexual. Uma verdadeira distorção e interpretação, onde o falo que penetra o corpo, passa a ser o ferro distorcido que dilacera a carne. A explicação é meio simplista porque é difícil explicar este enredo erótico/psicológico que assombra e excita. A obra já teve sua versão cinematográfica, não menos estranha, com direção de David Cronenberg e James Spader como protagonista. Também vale conferir.
História do Olho, de Georges BatailleUm erotismo visceral. Em uma narrativa cheia de sutilezas e imagens extremamente eróticas e sensuais, o livro que não trata apenas de um olho (olhar?) em questão, mas de vários, mesclando em cada texto um erotismo requintado eventualmente atropelado por palavras mais cruas (“cu”, “merda”, “porra”…). Fetichismo, sadismo, masoquismo, voyeurismo, asfixia, psicopatia… O autor nos apresenta um banquete de perversões e prazeres que incomodam e excitam. Não é à toa que o livro encontra-se sempre no Top 10 da maioria dos amantes de literatura erótica. Quem um exemplo? Basta clicar aqui e ler um trecho completamente perturbador e excitante desta obra.
História de O, de Pauline ReageEis um clássico da literatura sadomasoquista, não conheço uma submissa que não se derreta diante da História de O. Aliás, este livro está para as submissas assim como a Vênus das Peles para os submissos. E isso porque ao longo da história O – uma fotógrafa de moda pariesiense - é Dominada, vendada, humilhada, acorrentada, marcada e ainda por cima é treinada para ser uma verdadeira escrava sexual. Para ser usada no sexo oral, vaginal, anal… Ou o que for do desejo do seu Senhor. O mais interessante da história é que quanto mais O reage contra seus infortúnios, contra a tortura a qual é submetida, quanto mais ela luta contra esta “escravidão”, mais envolvida e excitada ela fica. Descobrindo um prazer inverso, um prazer onde a verdadeira liberdade está em não ter controle sobre si. Indico a resenha de Davi Lara, que explora um pouco mais do lado psicológico do livro.
O Amante de Lady Chatterley, de D. H. Lawrence
Já comentei por aqui que O Amante de Lady Chatterley tem grande influência na minha formação como leitora safadinha porque ainda adolescente, e já apaixonada pela leitura, eu lia o que tinha ao meu alcance e como ele fazia parte do acervo do meu pai… Antes mesmo de saber o conteúdo, creio que o título me chamou atenção. Acho que um ponto a ressaltar é que o livro (e o autor) foi considerado transgressor em sua época, não só por contar a história de uma aristocrata que trai seu marido tendo um caso com o seu guarda-caças (este é o fio condutor da história), mas sobretudo por detalhar as cenas de sexo com riqueza de detalhes e lirismo. Em toda obra de Lawrence as paixões e o sexo são as forças que regem as relações, independente de idade, gênero ou condição social. Saiba mais sobre o livro e a obra do autor no site Cama na Rede, clicando aqui.
Trópico de Câncer, de Henry MillerMais um autor que é quase impossível indicar apenas um livro, pois toda a obra de Henry Miller é recheada de safadeza. Trópico de Câncer é seu primeiro livro e foi editado quando já tinha quase 50 anos. O autor, um putanheiro boêmio e literata, relata neste livro em um tom extremamente confessional suas aventuras sexuais com prostitutas, dando uma conotação ritualística, quase sacra ao ato sexual. O sexo relatado por Miller consegue ter uma linguagem clara, quase pornográfica, sem perder a essência de uma grande obra. O fato deste livro ter sido censurado em quase todos os países em que foi lançado, funcionou como marketing, pois aguçou a curiosidade dos leitores. Trópico de Câncer durante anos e anos foi considerado um referencial nas masturbações adolescentes, em um tempo onde não havia internet ou filme pornô. No entanto, sua obra é atemporal. Também indico o texto do Cama na Rede para saber mais sobre a obra e o autor.
100 escovadas antes de ir para a cama, de Melissa Paranello
conta a história de uma adolescente, como tantas outras, que dos 15 aos 16 anos relatou em um diário suas desventuras sociais (que adolescente não se sente negligenciado?) e descobertas sexuais (atualmente cada vez mais precoces). O livro (que estou lendo) tem forte teor erótico, explícito até. Já escrevi por aqui sobre o filme baseado no livro, e também do quanto me senti tocada pelo enredo. Talvez porque já tive um diário, talvez porque apesar de amar e respeitar minha mãe eu tenha precisado viver minhas próprias experiências, não sei… Não tenho filhos, portanto, mesmo que eu imagine, sequer tenho noção de como seria educar alguém, preparar para o mundo, para a vida, para o sexo… Indico a leitura para pais, muito mais como alerta, do que pelo teor erótico em si.
Nenhum comentário:
Postar um comentário