quarta-feira, 9 de outubro de 2013

Matrix, plágios e a polêmica do terceiro olho
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No começo de 2013, vários sites e blogs especializados em veicular informações sobre cinema divulgaram que os irmãos Wachowski, o produtor Joel Silver e o estúdio Warner Bros – que assinam a bem sucedida trilogia de filmes Matrix – estavam sendo acusados de plágio pelo roteirista havaiano Thomas Althouse. Segundo a acusação da época, os dois irmãos teriam usado ideias do roteiro “The Immortals”, entregue ao estúdio em 1993 para análise e que acabou rejeitado.
As acusações foram feitas especialmente para os dois últimos filmes da trilogia: Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, ambos lançados em 2003. O roteirista, contudo, só teria se dado conta do plágio de seu roteiro sete anos depois, em 2010, quando assistiu a trilogia pela primeira vez. O caso, em que o roteirista pede US$ 300 milhões de indenização, continua em aberto.
Mas há outro caso mais antigo porém pouco conhecido de acusação de plágio contra Matrix, os irmãos roteiristas, o produtor Joel Silver e os estúdios Warner. Um mês antes do estouro da acusação de Althouse, mais precisamente em fevereiro de 2013, uma notícia veiculada no siteAfrican Globe dava conta de que a escritora de ficção científica Sophia Stewart teria vencido na Justiça o caso em que ela acusava o filme de ser um plágio de seu livro O terceiro olho, cujo enredo, segundo a notícia, foi registrado em 1981.
matrix1 Uma investigação do FBI, que de acordo com a notícia consta nos autos do processo, revelou que pelo menos meia hora da primeira versão do filme haviam sido reeditados antes do lançamento justamente para maquiar o plágio e evitar sanções por direitos autorais. A mesma investigação apontou que os advogados e executivos dos estúdios Warner sabiam que o roteiro de Matrix não pertenciam aos irmãos, e testemunhas diziam ter visto, em várias ocasiões, o livro de Stewart em discussões sobre o roteiro.

O African Globe diz ainda que a acusação de plágio denunciado pela escritora Sophia Stewart foi visto com desconfiança pelos fãs dos irmãos roteiristas e da trilogia, e argumentam que o caso recebeu pouca atenção da mídia. Apenas em 2003, após o lançamento dos dois últimos filmes e quatro anos depois da acusação formal é que a notícia começou a circular em blogs e sites especializados. Em sua defesa, Stewart disse, em entrevistas, que a AOL Time Warner “detém 95% dos meios de comunicação” nos EUA, e que o caso foi deliberadamente abafado por sites, jornais e revistas do grupo.
third eyebookcover  Outro ponto de desconfiança que circula em fóruns e salas de discussões na internet é que a mesma autora também acusa os produtores do filme O Exterminador do Futuro (Terminator) de plágio. O African Globe diz ainda que alguns fãs da trilogia Matrix reconheceram semelhanças entre os filmes e trechos do livro de Stewart. Alguns deles, segundo a notícia, levantaram a hipótese de que a tímida divulgação nos EUA, assim como a desconfiança de muitos diante do caso, aconteceu pelo fato da escritora ser negra – o que ela não acredita que seja o caso.
Outro site, contudo, desmente que a escritora venceu a batalha que se arrasta há 12 anos. Em artigo publicado também em fevereiro deste ano, o Examiner diz que, em junho de 2005, quando o tribunal decidiria sobre o caso, a escritora não compareceu – e acabou perdendo. “No entanto, esta história de sua vitória no processo continua a ser relatada em sites como fato”, diz trecho do artigo, assinado por Nordette Adams. O mesmo site também afirma que a escritora nunca fez acusação formal contra o filme O Exterminador do Futuro.
O artigo atribui o que chama de “boato” a um erro de um estudante em um jornal de faculdade. Em 28 de outubro de 2004, um estudante de comunicação do segundo ano da Salt Lake Community College publicou notícia no jornal universitário The Globe com informações erradas, que diziam que a escritora Sophia Stewart iria “recuperar os danos dos filmes Matrix I, II e III, bem como ‘O Exterminador do Futuro’ e suas sequências” e que ela “em breve receber uma das maiores indenizações da história de Hollywood”.
O Examiner diz que Stewart teve apenas o direito de prosseguir com o seu caso. Posteriormente, o jornal The Globe, da faculdade, teria reconhecido o erro e publicado uma errata, informando que, de fato, a escritora ainda não havia vencido o caso que continua em aberto em um tribunal do Estado da Califórnia, nos EUA. O artigo diz ainda que acusações de plágio contra grandes estúdios de Hollywood são comuns, e defende que “raramente” alguém vence.
O texto diz que o caso do humorista Art Buchwald, que processou – e venceu – a Paramount Pictures na acusação de plágio do filme Um príncipe em Nova York (Coming to America), estrelado por Eddie Murphy, é exceção, e que a maioria dos processos de plágio contra grandes estúdios acabam perdendo justamente pelo fato de haver muitas acusações – em sua maioria sem provas. O artigo do Examiner compara a acusação “alguém roubou minha história” à expressão “eu sou inocente”, feita por presidiários.
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Em 2009, diz Adams, novas notícias começaram a circular ainda baseadas no suposto erro de 2004, afirmando que a escritora teria vencido o processo. O artigo finaliza afirmando que uma análise do primeiro (de dois) volumes do livro O terceiro olho apresenta semelhanças com o filme. Contudo, o Examiner diz que a livro fora publicado apenas em 2006, apesar da escritora afirmar ter feito o registro em 1981.
O artigo de Nordette Adams, no Examiner, aconselha a escritora Sophia Stewart a “seguir em frente”: “Pare de ser conhecida como a vítima de roubo. Voltar a escrever e publicar. Começar a ser conhecido como o criador de novas visões, novas histórias”.


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