Sobre o Livro: Demônio do meio dia "Andrew Solomon" Uma Anatomia da Depressão O “demônio do meio-dia” foi uma expressão utilizada na idade média tida como uma influência maléfica que provocava os erros no escritor, escultor etc… Podemos considerar o “demônio do meio-dia” como a própria melancolia, ou seja, a perda do sentido da existência; falta de explicação por uma grande perda.Origem da expressão DEMÔNIO DO MEIO DIA
TRECHOS:
Estar em depressão é sentir-se pesado de emoções insolúveis. Tudo gira em torno da inviabilidade e da insensatez. Há vezes em que o mal domina o coração e exala uma tristeza acre. Outras, não há tristeza alguma, mas um vazio que paralisa.
“A depressão é a imperfeição no amor. Para podermos amar, temos que ser criaturas capazes de se desesperar ante as perdas, e a depressão é o mecanismo desse desespero. Quando ela chega, degrada o eu da pessoa e finalmente eclipsa sua capacidade de dar ou receber afeição.”
“Embora não
seja nenhum profilático contra a depressão, o amor é o que acolchoa a mente e a protege de si mesma. Medicamentos e psicoterapia podem renovar essa proteção, tornando mais fácil amar e ser amado, e é por isso que funcionam.”
“O amor nos abandona de tempos em tempos, e nós abandonamos o amor. Na depressão, a falta de significado de cada empreendimento e de cada emoção, a falta de significado da própria vida se tornam evidentes. O único sentimento que resta nesse estado despido de amor é a insignificância.”.
Trecho 1 – página 60
Geralmente são os eventos da vida que desencadeiam a depressão. ‘Um indivíduo está muito menos propenso a sofrer depressão numa situação estável do que numa instável’, diz Melvin McGuinness, da Universidade Johns Hopkins. George Brown, da Universidade de Londres, é o fundador das pesquisas sobre ‘eventos da vida’ e diz: ‘Acreditamos que a maioria das depressões é anti-social na sua origem; existe também uma doença depressão, mas a maioria das pessoas é capaz de criar uma depressão grave a partir de um determinado conjunto de circunstâncias. O nível de vulnerabilidade varia, é claro, mas acho que pelo menos dois terços da população têm um nível suficiente de vulnerabilidade.’ Segundo sua exaustiva pesquisa realizada durante mais de 25 anos, eventos que ameaçam gravemente a vida são responsáveis pelo desencadeamento inicial da depressão. Tais eventos envolvem tipicamente alguma perda – de uma pessoa querida, de uma função, de uma idéia sobre si mesmo – e se apresentam da pior forma quando envolvem humilhação ou uma sensação de estar preso numa armadilha. A depressão pode também ser causada por uma mudança positiva. O nascimento de um bebê, uma promoção ou um casamento podem desencadear uma depressão quase tão facilmente quanto uma morte ou perda.
Trechos do livro O Demônio do Meio-dia – Uma Anatomia da Depressão, de Andrew Solomon
Trecho 2 – página 123
‘Na depressão, você não pensa que pôs um véu cinzento e está vendo o mundo através da névoa de um estado de espírito ruim. Você pensa que o véu foi retirado, o véu da felicidade, e que agora está realmente enxergando. Você tenta se agarrar à verdade e destrinchá-la, e acredita que a verdade é a única coisa fixa, mas ela é viva e corre de cá para lá. Você pode exorcizar os demonios dos esquizofrênicos que percebem que há algo estranho dentro deles. Mas é muito mais difícil com gente deprimida, porque nós acreditamos estar vendo a verdade. Mas a verdade mente. Olho para mim mesma e penso,’Sou divorciada!’, e isso parece terrível. Embora eu pudesse pensar ‘Sou divorciada!’ e me sentir ótima e livre. Apenas um comentário foi realmente útil durante este pesadelo. Uma amiga disse: ‘Não vai ser sempre assim. Veja se consegue lembrar disso. É assim neste momento, mas não vai ser sempre assim.’ A outra frase que disse e que também ajudou foi: ‘Isso é a depressão falando. Ela está falando através de você.”
Trecho 3 – página 376
As pessoas neste livro são na maioria fortes ou inteligentes ou resistentes ou se destacam de algum modo. Não acredito que haja uma pessoa média, ou que ao contar uma realidade prototípica se possa transmitir uma verdade abrangente. A busca pelo ser humano não-individual, genérico, é a praga dos livros populares de psicologia. Ao ver quantos tipos de resistência, força e imaginação podem ser encontrados, aprecia-se não apenas o horror da depressão, mas também a complexidade da vitalidade humana. Tive uma conversa com um idoso gravemente deprimido que me disse que ‘os deprimidos não têm histórias, não temos nada a dizer’. Todos temos histórias, e os verdadeiros sobreviventes tem histórias interessantes. Na vida real, o ânimo tem que existir em meio à confusão dos brindes, bombas atômicas e campos de trigo.
Trecho 4 – Página 389
O oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade, e minha vida, enquanto escrevo isto, é vital, mesmo quando triste. Posse acordar de novo sem minha mente em algum dia do próximo ano: provavelmente ela não ficará por aí o tempo todo. Enquanto isso, porém, descobri o que tenho que chamar de alma, uma parte de mim que eu jamais teria imaginado até o dia, sete anos atrás, em que o inferno veio me visitar de surpresa. É uma descoberta preciosa. Quase todo dia sinto de relance a deses perança, e cada vez que acontece me pergunto se estarei me desestabilizando de novo. Por um instante petrificador aqui e ali, um rápido relâmpago, quero que um carro me atropele e tenho que cerrar os dentes para continuar na calçada até o sinal abrir; ou imagino como seria fácil cortar os pulsos; ou experimento famintamente o metal do cano de uma arma na boca; ou fantasio dormir e jamais acordar de novo. Detesto essas sensações, mas sei que elas me impeliram a olhar a vida de modo mais profundo, a descobrir e agarrar razões para viver. A cada dia, às vezes combativamente e às vezes contra a razão do momento, eu escolho ficar vivo. Isso não é uma rara alegria?
"(...) Sua generosa variedade de opiniões, desde questões patológicas até filosóficas, faz do livro uma leitura rica e diversificada." - Joyce Carol Oates - The New York Times
" (...)é um livro acessível e deverá ser útil a todos...O que o torna notável é uma mistura altamente individual do aspecto pessoal com um distanciamento crítico. (...)" - Harold Bloom
"Tão absorvente quanto um thriller, o livro tem ao mesmo tempo, a seriedade e o peso de um marco literário." - John Berendt, autor de Meia-noite no jardim do bem e do mal
"uma jornada tristemente cândida, fascinante e exaustiva, a uma das mais escuras câmaras do coração humano." - Daniel Goleman, autor de Inteligência Emocional
Estar em depressão é sentir-se pesado de emoções insolúveis. Tudo gira em torno da inviabilidade e da insensatez. Há vezes em que o mal domina o coração e exala uma tristeza acre. Outras, não há tristeza alguma, mas um vazio que paralisa.
“A depressão é a imperfeição no amor. Para podermos amar, temos que ser criaturas capazes de se desesperar ante as perdas, e a depressão é o mecanismo desse desespero. Quando ela chega, degrada o eu da pessoa e finalmente eclipsa sua capacidade de dar ou receber afeição.”
“Embora não
seja nenhum profilático contra a depressão, o amor é o que acolchoa a mente e a protege de si mesma. Medicamentos e psicoterapia podem renovar essa proteção, tornando mais fácil amar e ser amado, e é por isso que funcionam.”
“O amor nos abandona de tempos em tempos, e nós abandonamos o amor. Na depressão, a falta de significado de cada empreendimento e de cada emoção, a falta de significado da própria vida se tornam evidentes. O único sentimento que resta nesse estado despido de amor é a insignificância.”.
Trecho 1 – página 60
Geralmente são os eventos da vida que desencadeiam a depressão. ‘Um indivíduo está muito menos propenso a sofrer depressão numa situação estável do que numa instável’, diz Melvin McGuinness, da Universidade Johns Hopkins. George Brown, da Universidade de Londres, é o fundador das pesquisas sobre ‘eventos da vida’ e diz: ‘Acreditamos que a maioria das depressões é anti-social na sua origem; existe também uma doença depressão, mas a maioria das pessoas é capaz de criar uma depressão grave a partir de um determinado conjunto de circunstâncias. O nível de vulnerabilidade varia, é claro, mas acho que pelo menos dois terços da população têm um nível suficiente de vulnerabilidade.’ Segundo sua exaustiva pesquisa realizada durante mais de 25 anos, eventos que ameaçam gravemente a vida são responsáveis pelo desencadeamento inicial da depressão. Tais eventos envolvem tipicamente alguma perda – de uma pessoa querida, de uma função, de uma idéia sobre si mesmo – e se apresentam da pior forma quando envolvem humilhação ou uma sensação de estar preso numa armadilha. A depressão pode também ser causada por uma mudança positiva. O nascimento de um bebê, uma promoção ou um casamento podem desencadear uma depressão quase tão facilmente quanto uma morte ou perda.
Trechos do livro O Demônio do Meio-dia – Uma Anatomia da Depressão, de Andrew Solomon
Trecho 2 – página 123
‘Na depressão, você não pensa que pôs um véu cinzento e está vendo o mundo através da névoa de um estado de espírito ruim. Você pensa que o véu foi retirado, o véu da felicidade, e que agora está realmente enxergando. Você tenta se agarrar à verdade e destrinchá-la, e acredita que a verdade é a única coisa fixa, mas ela é viva e corre de cá para lá. Você pode exorcizar os demonios dos esquizofrênicos que percebem que há algo estranho dentro deles. Mas é muito mais difícil com gente deprimida, porque nós acreditamos estar vendo a verdade. Mas a verdade mente. Olho para mim mesma e penso,’Sou divorciada!’, e isso parece terrível. Embora eu pudesse pensar ‘Sou divorciada!’ e me sentir ótima e livre. Apenas um comentário foi realmente útil durante este pesadelo. Uma amiga disse: ‘Não vai ser sempre assim. Veja se consegue lembrar disso. É assim neste momento, mas não vai ser sempre assim.’ A outra frase que disse e que também ajudou foi: ‘Isso é a depressão falando. Ela está falando através de você.”
Trecho 3 – página 376
As pessoas neste livro são na maioria fortes ou inteligentes ou resistentes ou se destacam de algum modo. Não acredito que haja uma pessoa média, ou que ao contar uma realidade prototípica se possa transmitir uma verdade abrangente. A busca pelo ser humano não-individual, genérico, é a praga dos livros populares de psicologia. Ao ver quantos tipos de resistência, força e imaginação podem ser encontrados, aprecia-se não apenas o horror da depressão, mas também a complexidade da vitalidade humana. Tive uma conversa com um idoso gravemente deprimido que me disse que ‘os deprimidos não têm histórias, não temos nada a dizer’. Todos temos histórias, e os verdadeiros sobreviventes tem histórias interessantes. Na vida real, o ânimo tem que existir em meio à confusão dos brindes, bombas atômicas e campos de trigo.
Trecho 4 – Página 389
O oposto da depressão não é a felicidade, mas a vitalidade, e minha vida, enquanto escrevo isto, é vital, mesmo quando triste. Posse acordar de novo sem minha mente em algum dia do próximo ano: provavelmente ela não ficará por aí o tempo todo. Enquanto isso, porém, descobri o que tenho que chamar de alma, uma parte de mim que eu jamais teria imaginado até o dia, sete anos atrás, em que o inferno veio me visitar de surpresa. É uma descoberta preciosa. Quase todo dia sinto de relance a deses perança, e cada vez que acontece me pergunto se estarei me desestabilizando de novo. Por um instante petrificador aqui e ali, um rápido relâmpago, quero que um carro me atropele e tenho que cerrar os dentes para continuar na calçada até o sinal abrir; ou imagino como seria fácil cortar os pulsos; ou experimento famintamente o metal do cano de uma arma na boca; ou fantasio dormir e jamais acordar de novo. Detesto essas sensações, mas sei que elas me impeliram a olhar a vida de modo mais profundo, a descobrir e agarrar razões para viver. A cada dia, às vezes combativamente e às vezes contra a razão do momento, eu escolho ficar vivo. Isso não é uma rara alegria?
"(...) Sua generosa variedade de opiniões, desde questões patológicas até filosóficas, faz do livro uma leitura rica e diversificada." - Joyce Carol Oates - The New York Times
" (...)é um livro acessível e deverá ser útil a todos...O que o torna notável é uma mistura altamente individual do aspecto pessoal com um distanciamento crítico. (...)" - Harold Bloom
"Tão absorvente quanto um thriller, o livro tem ao mesmo tempo, a seriedade e o peso de um marco literário." - John Berendt, autor de Meia-noite no jardim do bem e do mal
"uma jornada tristemente cândida, fascinante e exaustiva, a uma das mais escuras câmaras do coração humano." - Daniel Goleman, autor de Inteligência Emocional
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