Romance mais recente de Jean Echenoz, um dos mais respeitados nomes da literatura francesa contemporânea, 14 foi um grande sucesso de crítica e público quando lançado em 2012, vendendo mais de 20 mil exemplares em sua primeira semana nas livrarias. O livro, composto por quinze capítulos breves, aborda de forma original o tema da Primeira Guerra Mundial, a partir das histórias individuais de cinco amigos, e uma mulher, que partem para o front sem ter a menor ideia do que os espera. Num estilo apurado, avesso a toda ênfase sentimental ou épica, Echenoz revisita o conflito que definiu os rumos do século XX a partir da perspectiva da gente comum, que se viu entregue à própria sorte, fosse para sobreviver à longa matança, fosse para recomeçar a vida, um dia. “Como o tempo se prestasse às mil maravilhas e como fosse sábado, dia em que suas funções lhe permitiam folgar, Anthime saiu depois do almoço para dar uma volta de bicicleta. Seus planos: aproveitar o sol franco de agosto, fazer algum exercício e respirar o ar do campo, talvez até ler um pouco, deitado sobre a relva...” A cena é bucólica e ensolarada, mas esse sábado logo tomará outro rumo: estamos em 2 de agosto de 1914, dia da mobilização geral numa França que se precipita para a guerra. Não tardará para que Anthime, Charles, Blanche, Padioleau, Bossis, Arcenel e tantos outros sejam tragados pela guerra mundial que então começava. Os homens vão confiantes, as mulheres ficam à espera, uns e outros supondo que tudo isso é “coisa de quinze dias, no máximo”: o tempo de ir a Berlim, dar uma boa lição ao imperador Guilherme e voltar para casa, na Vendeia rural. Não será assim, e é desse divórcio entre a euforia dos primeiros tempos e o horror das trincheiras que nasce 14, novo romance do escritor francês Jean Echenoz. Num estilo avesso a toda ênfase sentimental ou épica, Echenoz revisita o conflito que definiu os rumos do século XX a partir da perspectiva da gente comum, da carne de canhão quase anônima que se viu entregue à própria sorte, fosse para sobreviver à longa matança, fosse para recomeçar a vida, um dia. Uma obra-prima. Jean Echenoz nasceu em Orange, sul da França, em 1947. Depois de estudar engenharia e sociologia, mudou-se para Paris, em 1970, onde prosseguiu os estudos universitários e trabalhou brevemente como jornalista. Sua estreia literária deu-se apenas em 1979, com o romance Le Méridien de Greenwich, publicado pelas Éditions de Minuit e laureado com o prêmio Fénéon. Desde então, publicou outros doze romances, entre os quais Cherokee (prêmio Médicis de 1983) e Un an (prêmio Goncourt de 1999), além de volumes de prosa breve como L’Occupation des sols (1988), Jérôme Lindon (2001) e Caprice de la reine (2014).Samuel Titan Jr. nasceu em Belém, em 1970. Estudou filosofia na Universidade de São Paulo, onde leciona teoria literária e literatura comparada desde 2005. Editor e tradutor, assinou versões para o português de autores como Erich Auerbach (Ensaios de literatura ocidental, 2007, com José Marcos Macedo), Adolfo Bioy Casares (A invenção de Morel, 2006), Michel Leiris (O espelho da tauromaquia, 2001) e Gustave Flaubert (Três contos, 2004, em colaboração com Milton Hatoum).
Lançamentos e Best Sellers do mundo literário.
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
Romance mais recente de Jean Echenoz, um dos mais respeitados nomes da literatura francesa contemporânea, 14 foi um grande sucesso de crítica e público quando lançado em 2012, vendendo mais de 20 mil exemplares em sua primeira semana nas livrarias. O livro, composto por quinze capítulos breves, aborda de forma original o tema da Primeira Guerra Mundial, a partir das histórias individuais de cinco amigos, e uma mulher, que partem para o front sem ter a menor ideia do que os espera. Num estilo apurado, avesso a toda ênfase sentimental ou épica, Echenoz revisita o conflito que definiu os rumos do século XX a partir da perspectiva da gente comum, que se viu entregue à própria sorte, fosse para sobreviver à longa matança, fosse para recomeçar a vida, um dia. “Como o tempo se prestasse às mil maravilhas e como fosse sábado, dia em que suas funções lhe permitiam folgar, Anthime saiu depois do almoço para dar uma volta de bicicleta. Seus planos: aproveitar o sol franco de agosto, fazer algum exercício e respirar o ar do campo, talvez até ler um pouco, deitado sobre a relva...” A cena é bucólica e ensolarada, mas esse sábado logo tomará outro rumo: estamos em 2 de agosto de 1914, dia da mobilização geral numa França que se precipita para a guerra. Não tardará para que Anthime, Charles, Blanche, Padioleau, Bossis, Arcenel e tantos outros sejam tragados pela guerra mundial que então começava. Os homens vão confiantes, as mulheres ficam à espera, uns e outros supondo que tudo isso é “coisa de quinze dias, no máximo”: o tempo de ir a Berlim, dar uma boa lição ao imperador Guilherme e voltar para casa, na Vendeia rural. Não será assim, e é desse divórcio entre a euforia dos primeiros tempos e o horror das trincheiras que nasce 14, novo romance do escritor francês Jean Echenoz. Num estilo avesso a toda ênfase sentimental ou épica, Echenoz revisita o conflito que definiu os rumos do século XX a partir da perspectiva da gente comum, da carne de canhão quase anônima que se viu entregue à própria sorte, fosse para sobreviver à longa matança, fosse para recomeçar a vida, um dia. Uma obra-prima. Jean Echenoz nasceu em Orange, sul da França, em 1947. Depois de estudar engenharia e sociologia, mudou-se para Paris, em 1970, onde prosseguiu os estudos universitários e trabalhou brevemente como jornalista. Sua estreia literária deu-se apenas em 1979, com o romance Le Méridien de Greenwich, publicado pelas Éditions de Minuit e laureado com o prêmio Fénéon. Desde então, publicou outros doze romances, entre os quais Cherokee (prêmio Médicis de 1983) e Un an (prêmio Goncourt de 1999), além de volumes de prosa breve como L’Occupation des sols (1988), Jérôme Lindon (2001) e Caprice de la reine (2014).Samuel Titan Jr. nasceu em Belém, em 1970. Estudou filosofia na Universidade de São Paulo, onde leciona teoria literária e literatura comparada desde 2005. Editor e tradutor, assinou versões para o português de autores como Erich Auerbach (Ensaios de literatura ocidental, 2007, com José Marcos Macedo), Adolfo Bioy Casares (A invenção de Morel, 2006), Michel Leiris (O espelho da tauromaquia, 2001) e Gustave Flaubert (Três contos, 2004, em colaboração com Milton Hatoum).
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