Inseparáveis. É o que os irmãos Filippo e Samuel Pontecorvo sempre foram um para o outro. Suas personalidades opostas nunca os distanciaram: a indolência de Filippo em contraposição à determinação de Samuel, sempre brilhante nos estudos e no trabalho. Tudo muda, contudo, quando o primeiro se torna famoso da noite para o dia, e o segundo começa seus dias de crise, entre um investimento de risco e um impasse sentimental catastrófico. E, dessa vez, nem mesmo a inabalável e protetora mãe conseguirá evitar que os filhos enfrentem essa situação.
Em Inseparáveis, Alessando Piperno reapresenta os Pontecorvo – já protagonistas de Perseguição – e encerra o díptico O Fogo Amigo das Lembranças com uma obra totalmente autônoma que, ao mesmo tempo, desata todos os nós do primeiro livro. Uma obra brilhante, irônica e emocionante.
Piperno produziu um romance melancólico, opressivo à sua própria maneira, que acompanha a evolução de uma família que pesa o trauma de um pai acusado de pedofilia. O autor é hábil ao descrevê-la como um lugar aparentemente seguro, mas que, na verdade, sempre esteve a ponto de ruir.
Entre o passado e o presente – com flashbacks, memórias e suspeitas –, Piperno oferece ao leitor outra perspectiva sobre a história obscura de Leo Pontecorvo, protagonista de Perseguição. Dessa vez, a voz está com os outros três membros da família, meros espectadores na obra anterior.
Um grande romance: atual, veloz e cruel, mas com a cadência clássica de uma comédia humana que se repete de maneira atemporal.
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