Apagão de ânimo no crescimento.
Com a falta de água, a oferta de energia e o crescimento econômico ficam comprometidos. Mesmo que o governo esteja certo e o risco de apagão inexista, a mera hipótese de desabastecimento esfria os ânimos mais uma vez. "A intervenção do governo em diversos setores da economia já estava fazendo com que os estrangeiros preferissem investir no México", diz Marcelo Salomon, economista-chefe para a América Latina do banco inglês Barclays.
"Uma crise de abastecimento, somada a deficiências como baixa qualificação da mão de obra e falta de infraestrutura, tende a criar a ideia de que as restrições ao crescimento do Brasil são estruturais, e não apenas conjunturais."
Em meados de janeiro, o Barclays reduziu sua projeção da taxa de investimento do Brasil dos já parcos 18% para 17,5% do PIB em 2013 — o país precisaria de ao menos 22% para crescer consistentemente. Seria exagero dizer que há uma fuga de capital produtivo neste momento, mas empresários e executivos do setor financeiro ouvidos por EXAME afirmam que novas decisões de investimento estão congeladas até que o cenário de abastecimento de energia fique mais claro.
"As incertezas sobre o suprimento só pioram a expectativa de quem quer investir no Brasil", diz Lisa Schineller, diretora da agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Will Landers, gestor do fundo de investimento americano
BlackRock, com carteira de 4,5 bilhões de dólares na América Latina, aguarda os reflexos da crise atual sobre as tarifas de energia. "Esse é o ponto que vai definir se haverá impacto negativo sobre o crescimento", afirma Landers.
São Paulo - Nos planos do governo, 2013 precisa ser o ano da retomada dos investimentos e do "pibão", para usar o termo cunhado pela presidente Dilma Rousseff. Só assim será possível reverter a má impressão causada por dois anos de crescimento medíocre e por intervenções do Estado na economia, consideradas indigestas pelo setor privado — uma delas foi a medida provisória que obrigou concessionárias de energia a aderir à renovação dos contratos mesmo em condições que prejudicam os acionistas.
As primeiras semanas do ano, porém, não poderiam ter sido piores, justamente no setor que terminou 2012 em crise com o governo — o de energia. O volume de água nas hidrelétricas atingiu o nível mais baixo desde 2001, quando o país teve de racionar o consumo. Essas usinas formam 70% do parque de geração, mas respondem por 90% do abastecimento.Com a falta de água, a oferta de energia e o crescimento econômico ficam comprometidos. Mesmo que o governo esteja certo e o risco de apagão inexista, a mera hipótese de desabastecimento esfria os ânimos mais uma vez. "A intervenção do governo em diversos setores da economia já estava fazendo com que os estrangeiros preferissem investir no México", diz Marcelo Salomon, economista-chefe para a América Latina do banco inglês Barclays.
"Uma crise de abastecimento, somada a deficiências como baixa qualificação da mão de obra e falta de infraestrutura, tende a criar a ideia de que as restrições ao crescimento do Brasil são estruturais, e não apenas conjunturais."
Em meados de janeiro, o Barclays reduziu sua projeção da taxa de investimento do Brasil dos já parcos 18% para 17,5% do PIB em 2013 — o país precisaria de ao menos 22% para crescer consistentemente. Seria exagero dizer que há uma fuga de capital produtivo neste momento, mas empresários e executivos do setor financeiro ouvidos por EXAME afirmam que novas decisões de investimento estão congeladas até que o cenário de abastecimento de energia fique mais claro.
"As incertezas sobre o suprimento só pioram a expectativa de quem quer investir no Brasil", diz Lisa Schineller, diretora da agência de classificação de risco Standard & Poor’s. Will Landers, gestor do fundo de investimento americano
BlackRock, com carteira de 4,5 bilhões de dólares na América Latina, aguarda os reflexos da crise atual sobre as tarifas de energia. "Esse é o ponto que vai definir se haverá impacto negativo sobre o crescimento", afirma Landers.
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