terça-feira, 16 de setembro de 2014

‘O som e a fúria’, baseado no livro homônimo de William Faulkner, ele recebeu o prêmio “Jaeger-Le Coultre glória para o cineasta”, dedicado a personalidades que tenham feito uma contribuição original para a inovação do cinema contemporâneo.

Novo filme dirigido por James Franco recebe críticas ruins em VenezaA excentricidade de James Franco chamou atenção, mas sua versão de 'O som e a fúria' foi mais marcante ainda: muitas críticas Foto: MANUEL SILVESTRI / REUTERS
De nada adiantou James Franco raspar a cabeça para um novo projeto e postar o processo da tosa na internet, ou aparecer na coletiva de imprensa de um prêmio com a careca tatuada para o personagem, como fez na tarde desta sexta-feira (4). Não há truque que consiga desviar a atenção do apedrejamento que “The sound and the fury”, o mais recente exercício do ator na direção, exibido fora da competição no 71º Festival de Veneza, recebeu da imprensa.

Segunda incursão do ambicioso multi-artista na obra do escritor americano William Faukner – a primeira, “As I lay dying” (2013, baseado no romance "Enquanto agonizo"), foi igualmente desprezada –, o filme peca pela insistência em tratar o cinema como literatura. Divida em um prólogo e três capítulos, batizados com o nome de três dos quatro irmãos protagonistas, “The sound and the fury”, de origem no clássico "O som e a fúria", descreve o declínio de uma rica família sulista americana, entre o final do século XIX e as primeiras décadas do XX.
O primeiro capítulo é contado a partir da perspectiva de Benjy, em sua limitada capacidade de entender o processo de marginalização ao qual é submetido, ao ponto da castração. O protagonista do segundo é Quentin (Jacob Loeb), jovem intelectual de alma frágil que comete suicídio durante sua permanência na Universidade de Harvard. O amargurado Jason (Scott Haze) domina a terceira porção do filme, e persegue a sobrinha (Joey King), fruto de uma relação proibida da irmã, Caddy (Ahna O’Reilly).O roteiro, de Matt Rager, sucumbe à complexidade do romance de Faukner, indo e vindo no tempo entre as memórias de infância dos personagens, e os anos 1920, durante o aniversário de 33 anos do mais jovem deles, Benjy (o próprio Franco), que sofre problemas mentais, e por isso encarado como uma vergonha para os pais. Na tentativa de reforçar a aproximação da narrativa do livro, escrito como um fluxo de consciência, ideias e sentimentos básicos são repetidos em imagens e trechos de diálogos.
A “Variety”, bíblia do mercado americano, diz que o filme de Franco “fracassa na tentativa de captura a estranheza, o encantamento e o ambiente enlouquecedor da obra-prima elíptica do grande escritor”. Já a revista “Hollywood Reporter” admite que “The sound and the fury” é menos radical e impressionante que “As I lay dying”, mas como este último enfrentou dificuldades para encontrar uma plateia até do vídeo on demand, prevê que o novo filme “claramente enfrentará uma batalha maior na bilheteria.
O hiperativo Franco, no entanto, continua alheio a opinião da imprensa ou de uma plateia para seus filmes. Atualmente, o ator divide-se entre cinco projetos como diretor, em diferentes fases de produção. Um deles é “Bukowski”, cinebiografia de outro escritor admirado pelo ator, Charles Bukowski. Ou seja, muitas outras ações extravagantes por parte do excêntrico ator de 36 anos ainda estão por vir.

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