quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Titulo publicados pela Editora Intrínseca.
 A autora vive no mesmo cenário em que ambienta a sua literatura, o Wyoming, marcado por belas paisagens e por uma rotina rural que ainda evoca o mítico Velho Oeste. Com O segredo de Brokeback Mountain, Annie Proulx ganhou o prêmio O. Henry de melhor conto do ano (Estados Unidos, 1998). Em 1999, a mesma premiação contemplou "Num lamaçal", conto de Curto alcance, obra publicada pela Intrínseca. O escritor John Updike incluiu ainda outra das histórias reunidas nesse livro, "A rês semi-esfolada", na antologia Os melhores contos americanos do século.

Obras da Autoras:

 Jack Twist e Ennis del Mar se conhecem ao pastorear ovelhas na fictícia montanha Brokeback, no estado americano Wyoming, em 1963. Os dois têm menos de 20 anos. Numa noite clareada por um fogo improvisado, ao som de uma gaita tosca, bebem, falam de rodeios e revelam um ao outro aspectos pesados de suas origens. A certa altura, a cumplicidade estabelecida quebra as idéias feitas de virilidade e dá lugar a uma relação homossexual que, de início, dura um verão.
Assombrados por histórias de discriminação no Oeste americano, herdeiros de toda uma tradição caubói, eles se evitam, casam e têm filhos. O reencontro, entretanto, acontece. E se repete. O conto atravessa duas décadas da hesitante relação entre dois homens criados em regiões opostas do estado, unidos por desesperanças e solidão. Ennis, abandonado pelos pais, leva uma vida carimbada pela convenção: casamento, filhos, empregos em fazendas de gado. Jack, filho de um brutal vaqueiro da região, casa-se com a rica herdeira de uma empresa de equipamentos agrícolas.
A história é narrada por uma escritora que alcança as mais delicadas notas do universo masculino ao descrever uma afeição marcada por sigilos, amores e brutalidades. O tom enxuto do conto foi magistralmente levado para o cinema, em filme homônimo dirigido por Ang Lee, indicado para oito Oscar, dos quais ganhou três: direção, roteiro adaptado e trilha sonora original. O longa-metragem levou ainda o Leão de Ouro de melhor filme no Festival Internacional de Cinema de Veneza.


 Annie Proulx faz um inventário da brutalidade de existências aparentemente pacatas no Meio-Oeste americano. Ao dissecá-la em contos habitados por personagens-reféns de vidas desoladas, desvela uma espécie de lirismo da violência. “A rês semi-esfolada”, por exemplo, é a metáfora usada para apontar a selvageria que, sempre à espreita, ronda o protagonista Mero. De volta à terra natal para o enterro do irmão que não via há décadas, ele reencontra o passado enquanto atravessa caminhos, precipícios, atoleiros e tempestades de neve no Wyoming.
A paisagem é determinante na seqüência de contos. A hostilidade da natureza dita o tom das relações e dos sentimentos. O clima adverso gera cenários exuberantes que se contrapõem a emoções contidas. “Num lamaçal” traça a trajetória de Diamond Felts, que foge do controle da mãe para ganhar a vida sacolejando em touros selvagens no Texas. Uma breve visita à família deixa claro que os laços permanecem ásperos e estanques.
Os contos apresentam um western diferente daquele eternizado pelo cinema. Há caubóis atormentados pela infância, rancheiros frustrados, famílias desestruturadas e mulheres às voltas com excessos machistas. Em comum, uma compartilhada desesperança. O presente é invariavelmente sobreposto pelo passado, e a rudeza do ambiente parece imprimir um lacre maldito no futuro. Tudo isso faz de cada história pessoal uma busca trágica e comovente.

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