- O fenômeno Marilyn Monroe fascina o mundo e o mundo da arte há décadas. O glamour e sex appeal fizeram dela um ídolo nos anos 1950 e um mito após sua morte. Seu flerte com a câmera tornou-se um longo romance em sua vida. Apesar de eu não ter nascido no auge de sua carreira, Marilyn teve grande impacto em minha vida. Ela foi uma mulher incompreendida por tantas pessoas e categorizada erroneamente - diz, em entrevista ao GLOBO, o alemão Alexander Sairally, curador e criador da exposição, que chega ao Brasil com acervo de 125 peças.
Além de homenageá-la, a intenção de trazer a mostra, que dura até 1º de abril, ao Brasil se deve ao fato de que Marilyn Monroe, encontrada morta em sua casa aos 36 anos por overdose de tranquilizantes, ainda hoje é um tema popular. Produtor-executivo do evento, Ricardo Comissoli alia o apelo do mito ao bom momento do país no mercado de cultura.
- É impressionante como Marilyn ainda está presente em todo o mundo. Ela morreu há 50 anos, mas ainda é muito "viva". São incontáveis as campanhas de moda e beleza inspiradas nela, ensaios fotográficos, capas de revista, filmes, maquiagens, penteados... Não consigo pensar em outra figura pública que possa substitui-la. Além disso, o mercado cultural está passando por uma transformação muito positiva. Todas as classes sociais estão consumindo arte. A internet e exposições interativas e gratuitas têm servido de estímulo - comemora.
Além de ser um dos maiores ícones de beleza do século XX, Marilyn Monroe teve uma considerável carreira no cinema. São mais de 30 filmes no currículo - das pequenas pontas a papéis que se tornaram clássicos de Hollywood. Alguns deles serão exibidos na mostra, de sua fase iniciante, como "A malvada" (1950) e "O inventor da mocidade" (1952), até os que a consagraram, caso de "Os homens preferem as louras" (1953), "Quanto mais quente melhor" (1959) e "Os desajustados" (1961).
Há uma má notícia, no entanto, para os cariocas. Com uma arrecadação de R$ 500 mil - R$ 250 mil via lei Rouanet e outros R$ 250 mil de empresas diversas -, a mostra não tem previsão de desembarcar no Rio de Janeiro ou em outros estados do Brasil. Depois de passar por São Paulo, a memorabilia de Marilyn segue para o Japão.
- É um orçamento baixo para uma exposição deste porte, que inclui empréstimo de acervo, montagem e transporte especializados. Estamos trabalhando para promover itinerância pelo Brasil, mas precisamos de patrocínio - diz Comissoli, que aproveita para analisar a imagem nacional em relação ao mundo da arte: - A imagem do Brasil está muito boa. Mas isso tem dois lados, porque você cria uma expectativa e tem que atendê-la, superando a precariedade de algumas instalações e a falta de recursos. Não basta ter dinheiro, mas qualificação. Você lida com acervo único. Se um quadro é danificado, não tem como repor. Estamos ganhando referência, mas ainda falta infraestrutura -pondera.
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