quarta-feira, 3 de junho de 2015


Desde que eu me entendo por gente, um dos meus maiores desejos sempre foi ter um avô sábio e carinhoso, que me sentasse em seu colo e me contasse histórias sobre o mundo e o universo. Como eu venho de uma ascendência franco-canadense muito humilde, adquirir esse tipo de conhecimento não era a maior prioridade para a minha família: não havia ninguém em meu círculo imediato que pudesse preencher esse vazio. Certa noite, um tio que falava inglês e vivia muito longe prestou uma rara visita à nossa casa. Ele se sentou com as crianças no quintal e começou a nos ensinar os nomes das estrelas e constelações. Eu nunca me esquecerei da alegria que senti naquela noite e da sensação de viajar pelo universo através dos conhecimentos dele. Isso aconteceu apenas uma vez, mas o poder e a beleza daquela experiência estarão para sempre gravados em minha memória. Eu nunca cheguei a agradecer-lhe, mas sempre serei grata ao meu tio por abrir meu mundo à possibilidade de sonhar. Olhando para trás, talvez aquele tivesse sido o começo de uma conversa com o meu próprio coração, e a minha primeira pista de que o coração não apenas ouve – ele responde –, mesmo que às vezes não estejamos completamente conscientes de que os nossos desejos estão sendo atendidos.

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