segunda-feira, 17 de novembro de 2014


Clarice Lispector faz aparições. A presença da escritora, como indica o curador Roberto Corrêa dos Santos, mostra-se em forma de frases, enunciados, sensações e pensamentos. O material foi cuidadosamente escolhido em parte da obra da grande escritora. Em um prosseguimento ao que havia iniciado em As Palavras(2013), desta vez o curador coleta frases de Clarice em Minhas queridas, Cartas perto do coração/Fernando Sabino, Clarice Lispector, Laços de família, Felicidade clandestina, O Lustre, A cidade sitiada e A maçã no escuro. O resultado é uma coletânea que retrata, acima de tudo, o modo como pensava Clarice, seu senso de humor refinado e sagaz, suas fraquezas e franqueza. Enfim, sua forma de ver o mundo apresentada por meio de sua melhor aptidão: o texto. “Cheguei mesmo à conclusão de que escrever é a coisa que mais desejo no mundo, mesmo mais que amor.” Ou ainda: “Escrever é respirar dentro da frase. É por algum silêncio nas linhas como nas entrelinhas para que o leitor possa respirar comigo, sem pressa, adaptando-se não só ao seu ritmo como ao meu, numa espécie de contraponto indispensável. ” O tempo pode ser lido de forma aleatória, colhendo uma frase aqui ou ali, mas alguns capítulos tornam-se ainda mais interessantes quando lidos de maneira linear. Partes de algumas obras são tão indissociáveis, que o curador optou por um recorte mais longo, como se fossem histórias curtas. Os capítulos estão divididos por livros. As frases foram colhidas na obra que nomeia o capítulo. Não se trata de um resumo, mas de escolhas que representam o fervor das ideias de Clarice.

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