terça-feira, 20 de maio de 2014

É uma história ainda sem ponto final, mas sobretudo por isso necessária, que deve ser lida por todos os que se interessam pela discussão em torno da liberdade de expressão em nosso país.

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Novo livro que Paulo César de Araújo, autor da biografia proibida de Roberto Carlos, acaba de escrever.
Vai falar sobre os bastidores do processo que Roberto moveu contra ele e sobre todos os aspectos jurídicos que envolvem a polêmica das biografias: censura, invasão de privacidade, biografias não-autorizadas – tudo entra no livro que também é meio autobiográfico e tem como subtítulo Minha História Com Roberto Carlos Em Detalhes”.
O livro deve sair pela Companhia das Letras – editora, aliás, de Chico Buarque e Caetano Veloso.
Mas há um editor que pensa em editar O Réu e o Rei por um pool de editoras. Funcionaria como uma tomada de posição nesta discussão.
Mas, pelo andar da carruagem, talvez não seja necessário: a Câmara deve votar em novembro o projeto de lei que libera as biografias não autorizadas (e a tendência é aprová-lo) e o STF deve decidir também em novembro a questão (também com tendência pela liberdade).






Objeto de verdadeira polêmica pública, a batalha em torno da proibição de Roberto Carlos em detalhes é o cerne de O réu e o rei. Paulo Cesar de Araújo conta a história da sua intensa relação com a música de Roberto Carlos, os dezesseis anos de pesquisa que embasaram a redação da biografia, e por fim os meandros de uma das mais comentadas e controversas guerras judiciais travadas recentemente no Brasil
Em novembro de 2006, Paulo Cesar de Araújo lançou Roberto Carlos em detalhes, primeira biografia de fôlego do maior ídolo da música brasileira. A recepção imediata do livro foi proporcional ao tamanho da empreitada. Em poucos dias, ele ganhava resenhas entusiasmadas e atingia a lista de best-sellers. Não foi para menos: o trabalho consumiu dezesseis anos de pesquisa, contou com centenas de entrevistas com as maiores personalidades da MPB e figuras-chave na vida do cantor, e condensava em uma narrativa ágil e equilibrada todo o percurso do ícone da Jovem Guarda.
Mas a boa onda duraria pouco. Em sua coletiva de Natal daquele ano, Roberto Carlos reagiu com virulência quando indagado sobre o livro. Acusando o autor de invadir sua privacidade, disse que o caso já estava com seus advogados, que em breve entrariam na Justiça para impedir a circulação da biografia. Em 10 de janeiro de 2007, o rei de fato bateu às portas dos tribunais contra o autor e sua então editora. Foi o início de uma rumorosa batalha judicial, dolorosíssima para todas as partes, e também de uma das mais graves agressões à liberdade de expressão na história brasileira recente.
A reação que se seguiu à notícia de que Roberto Carlos propusera ações nas esferas cívil e criminal contra Paulo Cesar - que resultaram na apreensão do livro - ocupou os principais veículos de comunicação do país e alguns no exterior. A polêmica envolveu não só personalidades da política, da cultura e das artes no Brasil, como pessoas comuns, que comentavam avidamente o caso, em redes sociais, blogs, praças, praias, bares. Nunca antes o debate sobre a proibição de uma obra alcançou tamanha repercussão no país.
O livro conta a história interna dessa história. Os detalhes, os bastidores. Trata
de música e censura. De artistas e advogados. De entusiasmo juvenil e audiências judiciais. Da busca por fontes e negativas. Da luta entre liberdade de expressão e controle da informação. É, antes de tudo, a história de um biógrafo que tenta encontrar sentido nos anos dedicados a estudar a trajetória de seu ídolo na música brasileira. 

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