segunda-feira, 10 de março de 2014

O clic, de Milo Manara no mundo real

Despedida de solteira: Noiva é obrigada a sair pelas ruas com calcinha vibratória; veja o resultado
Uma boate bombante com tudo pago, uma reunião picante com direito a modelos seminus, uma viagem inesquecível com as amigas… Esqueça qualquer clichê de despedida de solteira: você está prestes a ver a ideia mais genial das últimas décadas.
Um grupo de amigas levou a noiva a uma boate de Hollywood. Beberam, dançaram e zoaram a noite toda. Mas o melhor ainda estava por vir… Elas colocaram uma calcinha vibratória na noiva e a obrigaram a andar pelas ruas.
Enquanto a menina – já pra lá de Bagdá – caminhava com a roupa característica, as amigas se revezavam na posse do controle. A cada comando, uma série de gritos e gemidos… Não teve um pedestre que não olhou assustado para a cena. A noiva chegou até a se deitar no chão!
Quadrinho erótico de Manara ressurge em edição luxuosa de "Clic"
Dono de um traço único e indistinguível, o italiano Milo Manara ganhou fama na Europa dos anos 70 e 80 mais pelas curvas das mulheres que desenhava do que pela exatidão dos cenários de suas histórias em quadrinhos. Herdeiro estético de Guido Crepax, o genial criador de Valentina, e parente conceitual de Federico Fellini, o gênio sonhador do cinema italiano, Manara deixou muita gente boquiaberta com a alta voltagem erótica de seus desenhos e histórias quando seus álbuns começaram a rodar o mundo.
Muito antes de a sugestão dar espaço ao explícito no imaginário coletivo, Manara investiu em mulheres muito jovens, cheias de curvas, excitantes e excitáveis. E em homens cujo traço em comum sempre foi o apetite sexual intenso. Em uma entrevista concedida no início dos anos 90, ele disse que criava esses personagens da imaginação, usando como referência apenas fotografias ou cenas de seu cotidiano. Para ele, a perversão -- no sentido mais amplo -- é algo que se adequa perfeitamente aos quadrinhos. Se fosse um personagem mítico, Manara seria um Fauno. Ele trata seus personagens com muito carinho, mas esconde um humor perverso sob essa capa de candura. Claudia se encaixa nesse perfil como uma luva: jovem mulher super-protegida e mimada, ela se abre em flor só pelo maquiavelismo de um velho e perverso admirador. O trabalho ganhou uma adaptação para o cinema em 1985, "Le Déclic", que não teve repercussão à altura do original.
Na extensa obra de Manara, as adaptações literárias e clássicas pontuam sua bibliografia. Em 1997, ele fez sua própria versão do "Kama Sutra", o manual hindu do sexo, escrito pelo filósofo Vatsyayana -- outro lançamento da Conrad. O mestre italiano dos quadrinhos e do erotismo atualiza e ocidentaliza a histórica obra indiana. Não tem o mesmo peso de outros grandes álbuns do autor, como os feitos em parceria com Hugo Pratt ou até Fellini, como "Verão Índio" e "Viagem a Tulum". Mas ajuda a entender o que o torna uma referência maior e mais ampla do que os limites do mundo dos quadrinhos.
Primeiro sucesso internacional de Manara, "Clic" (1983), que agora ganha uma luxuosa edição da Conrad, foi publicado originalmente em quatro volumes sob o título "Il Gioco" (o brinquedo, em tradução livre). Por meio de Claudia ele fala da hipocrisia e do cinismo reinante na alta sociedade. Dama pura e casta, ela cai na armadilha do admirador secreto, que inventa uma máquina através da qual ele consegue despertar a libido da moça reprimida. 
Veja um pouco dos traços e tenha uma ideia do que é Clic
                                    

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