Escritor best-seller luta contra Google, Apple e Amazon
O escritor e advogado Scott Turrow está em guerra. E o inimigo, desta vez, não é nenhum inocente condenado injustamente, e sim as grandes corporações da rede, entre elas Google, Amazon e Apple. Presidente da Author's Guild, uma associação que reúne cerca de 8.000 escritores nos EUA, Scott quer que as empresas dividam os lucros com quem cria o que elas vendem.
"Essas empresas distribuem conteúdo pirateado que outros produzem. E vendem publicidade com essa distribuição, enquanto escritores e editores não ganham nada", reclama ele, que luta para que os gigantes da internet paguem direitos autorais a escritores.
Admitindo que não nega "por um segundo" que a internet melhorou imensamente a vida cotidiana de muita gente, ele diz que o sucesso dessas empresas não pode ser feito passando os outros para trás. "Sou a favor do preço baixo para os livros, o que estimula a leitura, mas quero a divisão dos lucros."Os nove romances de Scott Turow, 64, venderam mais de 25 milhões de exemplares até hoje. Seus livros são dramas de tribunais, gênero que reinventou e levou para Hollywood ""como "Acima de Qualquer Suspeita" (que virou filme com Harrison Ford em 1990), "O Ônus da Prova" e "Ofensas Pessoais".
Ele deixa claro que não compra as brigas com as grandes empresas da internet porcausa própria. "Essa crise não atinge tanto autores best-sellers, como eu, que têm poder de negociar, mas faz com que muitos novatos ou escritores menos conhecidos percam seu meio de sustento."
Scott perdeu uma dessas batalhas, recentemente, quando a Suprema Corte americana permitiu a importação e revenda de edições internacionais de livros de autores americanos ""em geral mais baratas e pelas quais, diz ele, os escritores quase nunca recebem.
Sites como Yahoo! e Bing também não são perdoados pelo autor. "Se você procurar livros digitais grátis do Scott Turow nesses sites, virão várias páginas promovendo material pirateado. Com anúncios ao lado, pagos para esses sites, que não trabalham de graça."
Scott terá um descanso das brigas, em breve e no Brasil. Ele participa da primeira edição do evento Pauliceia Literária, da Associação dos Advogados de São Paulo, entre 19 e 22 de setembro, que vai abordar a relação do direito com a literatura. O festival ainda terá o escritor português Valter Hugo Mãe e o mexicano Juan Pablo Villalobos.
IGUALZINHO AOS EUA
"Sou fascinado pelo Brasil, é parecido com os EUA, do tamanho às riquezas naturais, da história à escravidão", diz
Às vésperas de lançar seu décimo romance nos EUA, "Idênticos" (sai em março no Brasil, pela Record), ele não esconde a empolgação em conhecer Fernando de Noronha. Sua terceira viagem ao país terá dias de descanso, entre Bahia, Rio e Pernambuco.
Ele lembra com gosto de sua visita a uma livraria paulistana, em uma sexta-feira à noite, em 2011, "onde mal dava para circular de tanta gente". O país tinha mudado muito desde sua primeira visita, em 2003. "Acompanho o Brasil com grande interesse."
O autor justifica porque, mesmo sendo um campeão de vendas há muitos anos, nunca deixou de trabalhar como advogado em um grande escritório. "Não é só por fonte de inspiração literária, não. Ser advogado me ensina muito. Me faz ter tantas experiências de vida que evitei qualquer tentação de virar escritor 100% do tempo."Mas ele anda melancólico com a profissão, o que ficou explícito no último romance, "O Inocente", de 2010 (Ed. Record), continuação de seu livro de maior sucesso, "Acima de Qualquer Suspeita". "Houve diversas mudanças no direito nesses últimos 25 anos e há uma comercialização excessiva do dia a dia, cada vez mais dependente de interesses corporativos."
Scott, que tem trabalhado pro bono ""sem cobrar honorários"" em diversos casos recentes, dá o exemplo de um advogado de um grande escritório de sua cidade, Chicago, que ganhou quase R$ 20 milhões no ano passado. "Já sei que serei odiado pelos colegas por dizer isso, mas me pergunto o que faz um advogado para receber tanto dinheiro."
Para ele, a profissão está em crise nos EUA, tornando-se cada vez mais desigual. "As faculdades de direito ganham muito dinheiro e despejam no mercado milhares de recém-formados, que não acham emprego. Os portões da profissão deveriam estar mais fechados", argumenta. "Há os advogados de elite que ganham milhões e uma maioria trabalhando por muito pouco."
Scott também discute como os julgamentos nos Estados Unidos viraram uma espécie de reality show. "Uma câmera muda o comportamento de todo mundo: do juiz, das testemunhas, dos advogados. Mas é permitido pela lei, para que atinjam uma audiência maior", diz. "A Suprema Corte não permite. Os juízes de lá não se deixaram virar personalidades televisivas."
"Essas empresas distribuem conteúdo pirateado que outros produzem. E vendem publicidade com essa distribuição, enquanto escritores e editores não ganham nada", reclama ele, que luta para que os gigantes da internet paguem direitos autorais a escritores.
Admitindo que não nega "por um segundo" que a internet melhorou imensamente a vida cotidiana de muita gente, ele diz que o sucesso dessas empresas não pode ser feito passando os outros para trás. "Sou a favor do preço baixo para os livros, o que estimula a leitura, mas quero a divisão dos lucros."Os nove romances de Scott Turow, 64, venderam mais de 25 milhões de exemplares até hoje. Seus livros são dramas de tribunais, gênero que reinventou e levou para Hollywood ""como "Acima de Qualquer Suspeita" (que virou filme com Harrison Ford em 1990), "O Ônus da Prova" e "Ofensas Pessoais".
Ele deixa claro que não compra as brigas com as grandes empresas da internet porcausa própria. "Essa crise não atinge tanto autores best-sellers, como eu, que têm poder de negociar, mas faz com que muitos novatos ou escritores menos conhecidos percam seu meio de sustento."
Scott perdeu uma dessas batalhas, recentemente, quando a Suprema Corte americana permitiu a importação e revenda de edições internacionais de livros de autores americanos ""em geral mais baratas e pelas quais, diz ele, os escritores quase nunca recebem.
Sites como Yahoo! e Bing também não são perdoados pelo autor. "Se você procurar livros digitais grátis do Scott Turow nesses sites, virão várias páginas promovendo material pirateado. Com anúncios ao lado, pagos para esses sites, que não trabalham de graça."
Scott terá um descanso das brigas, em breve e no Brasil. Ele participa da primeira edição do evento Pauliceia Literária, da Associação dos Advogados de São Paulo, entre 19 e 22 de setembro, que vai abordar a relação do direito com a literatura. O festival ainda terá o escritor português Valter Hugo Mãe e o mexicano Juan Pablo Villalobos.
IGUALZINHO AOS EUA
"Sou fascinado pelo Brasil, é parecido com os EUA, do tamanho às riquezas naturais, da história à escravidão", diz
Às vésperas de lançar seu décimo romance nos EUA, "Idênticos" (sai em março no Brasil, pela Record), ele não esconde a empolgação em conhecer Fernando de Noronha. Sua terceira viagem ao país terá dias de descanso, entre Bahia, Rio e Pernambuco.
Ele lembra com gosto de sua visita a uma livraria paulistana, em uma sexta-feira à noite, em 2011, "onde mal dava para circular de tanta gente". O país tinha mudado muito desde sua primeira visita, em 2003. "Acompanho o Brasil com grande interesse."
O autor justifica porque, mesmo sendo um campeão de vendas há muitos anos, nunca deixou de trabalhar como advogado em um grande escritório. "Não é só por fonte de inspiração literária, não. Ser advogado me ensina muito. Me faz ter tantas experiências de vida que evitei qualquer tentação de virar escritor 100% do tempo."Mas ele anda melancólico com a profissão, o que ficou explícito no último romance, "O Inocente", de 2010 (Ed. Record), continuação de seu livro de maior sucesso, "Acima de Qualquer Suspeita". "Houve diversas mudanças no direito nesses últimos 25 anos e há uma comercialização excessiva do dia a dia, cada vez mais dependente de interesses corporativos."
Scott, que tem trabalhado pro bono ""sem cobrar honorários"" em diversos casos recentes, dá o exemplo de um advogado de um grande escritório de sua cidade, Chicago, que ganhou quase R$ 20 milhões no ano passado. "Já sei que serei odiado pelos colegas por dizer isso, mas me pergunto o que faz um advogado para receber tanto dinheiro."
Para ele, a profissão está em crise nos EUA, tornando-se cada vez mais desigual. "As faculdades de direito ganham muito dinheiro e despejam no mercado milhares de recém-formados, que não acham emprego. Os portões da profissão deveriam estar mais fechados", argumenta. "Há os advogados de elite que ganham milhões e uma maioria trabalhando por muito pouco."
Scott também discute como os julgamentos nos Estados Unidos viraram uma espécie de reality show. "Uma câmera muda o comportamento de todo mundo: do juiz, das testemunhas, dos advogados. Mas é permitido pela lei, para que atinjam uma audiência maior", diz. "A Suprema Corte não permite. Os juízes de lá não se deixaram virar personalidades televisivas."
Nenhum comentário:
Postar um comentário