quarta-feira, 6 de agosto de 2014


Capa do livro Uma história de silêncio
Mais que uma viagem às origens após o terremoto que causou destruição na Nova Zelândia em 2011, Lloyd Jones faz um resgate das histórias e da conturbada trajetória de sua própria família em Uma história de silêncio. Depois dos bem-sucedidos O Sr. Pip e de Mundos roubados, ambos publicados pela Rocco, o autor neozelandês se expõe de maneira corajosa e relata como a base familiar é fundamental para a formação de cada um de nós.
Remexendo em objetos, lembranças e sentimentos vêm à tona numa viagem emotiva quando o escritor decide retornar a Christchurch, sua cidade natal, após o abalo violento – “como o estalo de uma toalha de mesa sendo sacudida” –, conforme ele próprio define o estrago do terremoto devastador. Em seguida, também passa por lugares como Swansea, no País de Gales, e pela região montanhosa da Nova Zelândia.
Mas como resgatar o passado de uma família em que a característica principal é o silêncio? Para isso, então, nada como voltar ao local em que passou a infância e parte da adolescência. É no número 20 da Stellin Street que Lloyd inicia a sua busca por informações que possam montar o quebra-cabeça de sua própria origem. “Eu nasci num mundo de amnésia. E num mundo de amnésia, a linguagem é a primeira a desaparecer”, diz.


Filho de Joyce, uma mãe austera, calada e um tanto indiferente, e de Lew, um pai de poucas palavras, e que passou a infância vivendo em orfanatos, Lloyd faz um verdadeiro trabalho de investigação para reagrupar o próprio passado, assim como a Basílica – Catedral do Santíssimo Sacramento –, que também foi destruída em Christchurch.
Através de um caderno azul encontrado por acaso e de outros documentos resgatados, o autor tenta entender os motivos que levaram a avó Maud a abandonar a própria filha e entregá-la para adoção, fato que causou sérios traumas psicológicos em sua mãe, Joyce, e foi crucial para definir a sua personalidade. Um avô desconhecido e histórias mal contadas sobre o passado do patriarca da família também aguçam a curiosidade do autor por desvendar o emaranhado passado e, assim, tentar se redescobrir também.

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