Tony Falcone e Andrée Despierre não se viam desde a infância. Numa noite de setembro, reencontram-se por acaso e tornam-se amantes. Durante onze meses, marcam encontros no “Quarto Azul” de um hotel mantido pela irmã de Tony. No último encontro, porém, o marido de Andrée, Nicolas, é visto caminhando em direção ao hotel.
Bem naquele dia, ela se declarara, sugerindo que abandonem os casamentos e fiquem juntos. Tony consegue fugir antes de ser flagrado — mas, pouco depois, a morte repentina de Nicolas o deixa em situação complicada. Publicado em 1964, O quarto azul figura entre os célebres “romances duros” de Georges Simenon — aqueles que
não trazem o comissário Maigret como protagonista, mas mergulham em atmosferas sombrias e personagens perturbados.
As cenas de sexo são cruas e completamente desprovidas de eufemismo. Logo nas primeiras páginas, Tony está orgulhoso de ver seu sêmen escorrer da vagina da amante enquanto tenta com um ano aplacar a ferida que ela lhe fez com uma mordida no lábio. O mesmo vale para a violência e os sentimentos dos personagens: tudo no livro é seco e dito da forma mais direta possível. Tony e Andrée caminham por um mundo embrutecido e parecem alheios à culpa, ao pudor, ao arrependimento. Adaptado para o cinema em 2014 — o longa é estrelado pelo francês Mathieu Amalric —, O quarto azul sintetiza os melhores atributos da obra de Simenon e mantém o leitor sem fôlego até a última página.
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