quinta-feira, 9 de abril de 2015

Vampirella
Poucos personagens na história do terror são tão adaptáveis quanto vampiros. Desde sua ascensão na cultura pop com o lançamento de Drácula, de Bram Stoker, em 1897, tivemos todo tipo de sugadores de sangue: cavalheiros elegantes como Drácula, monstros bestiais como Nosferatu, jovens lamurientos como Louis de Entrevista com Vampiro. Tivemos vampiros negros com jeitão de Shaft no auge do blackexploitation em filmes como Blacula, vampiros cômicos como o Gomez, de Família Addams. Tivemos até vampiros pele de glitter em Crepúsculo.
Podemos dizer, contudo, que a mesma diversidade fisiológica não foi concedida às vampiras. Reduzidas a esposas sem nome em Drácula, elas acabaram frequentemente condenadas ao mesmo papel das estranhas irmãs do icônico personagem: mulheres fatais anônimas, sem agência ou interesses próprios. Era de se esperar que qualquer exceção à essa regra seria percebida e admirada pelo público. Vampirella tinha tudo para ser apenas uma figura excitante, criada para despertar a luxúria em fãs do sexo masculino. Embora tenha surgido como a principal personagem de uma revista (e também narradora das histórias ali contidas que não a envolviam), a primeira aparição de Vampirella poderia ser definida como a aventura de uma go-go girl sem muita personalidade, que vivia apenas para a diversão.

Tudo mudou quando o roteirista Archie Goodwin assumiu o título. A partir de então, Vampirella ganhou todos os aspectos que a fazem respeitada e querida até hoje - uma personagem dramática, que lembra a de Superman como última sobrevivente de um planeta, numa eterna luta para refrear seus instintos vampirescos. Ela tem sonhos, aspirações para o futuro, valores morais, um forte senso de heroísmo e está em busca do amor - tudo isso enquanto enfrenta demônios abissais, criaturas dignas de H.P. Lovecraft, cultistas desalmados e até mesmo seu ancestral Drácula.
A publicação Vampirella: Grandes Mestres poderia ser definida como uma carta de amor, escrita por alguns dos maiores profissionais dos quadrinhos, à última filha de Drakulon. Alan Moore explora o clássico que influenciou a criação da vampira e conta a história de Drácula para os tempos modernos. Jeph Loeb e Tim Sale mostram como um editor tão ocupado como Archie Goodwin teve de encontrar tempo, em sua ocupada agenda, para conceder à personagem uma alma, como disse o editor James Warren. Kurt Busiek, Alan Davis, Jimmy Palmiotti, Amanda Conner, Cristopher Priest e muitos outros aproveitam a oportunidade para também deixar sua marca na alienígena, com narrativas que abrangem diversos períodos da personagem.

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