segunda-feira, 13 de abril de 2015


 “É somente na paternidade, mas na paternidade completa, consciente – ou seja, na educação do filho – que o homem vem a sentir todo o seu coração. Oh! O barulho dos pezinhos da criança! Esse barulho leve e suave das gerações que chegam, indeciso, incerto como o futuro. O futuro, somos nós talvez que o decidiremos, pela maneira como teremos educado as novas gerações.” É com essas palavras que Jean-Marie Guyau nos apresenta uma questão cada vez mais pertinente: o papel da educação na formação de um homem mais vigoroso, mais forte, mais capacitado para a vida. Sim, é este o sentido da educação para Guyau: buscar os meios para “pôr em acordo a vida individual mais intensa com a vida social mais extensiva”, o que, para ele, só faz sentido quando se desenvolve plenamente o indivíduo, as suas virtualidades e potencialidades, reforçando e estimulando aquilo que é benéfico e refreando os impulsos viciosos que desequilibram o organismo. Entusiasta do darwinismo (ele é um homem do seu tempo, apesar de ir além dele), ele defende a capacidade da humanidade em evoluir continuamente em direção à união entre os homens e à comunhão com a natureza e o cosmos. Eis por que Guyau pode ser chamado, com toda a justiça, de um “filósofo da vida”, porque o que ele mais deseja é que o homem alcance a plenitude da existência. Por isso, sua grande preocupação, neste livro, é a defesa de uma educação que possa produzir um homem moral e eticamente superior. E isso quer dizer simplesmente produzir um homem capaz de aperfeiçoar-se até o limite de suas possibilidades – não apenas com um propósito egoísta, mas em benefício do seu povo e de toda a humanidade. A questão de Guyau, ao investigar o papel da sugestão na formação do caráter e dos comportamentos, é mostrar como a educação é um modo de interferir na natureza e na própria hereditariedade, mostrando que não estamos condenados pelos nossos genes e nem pelos atavismos sociais. Somos um misto da nossa herança genética e das nossas experiências, em que a educação pode representar a diferença entre sermos escravos ou homens livres.
 
Sobre o autor:
Jean-Marie Guyau nasceu em Laval, França, em 1854, e foi um grande filósofo e poeta francês. Estudou arduamente literatura e filosofia até começar a produzir suas próprias obras, de grande expressividade na Europa do século XIX e começo do século XX, influenciando diversos autores contemporâneos, inclusive Friedrich Nietszche. Faleceu precocemente, aos 32 anos de idade, vítima de tuberculose.

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