segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

"um diário de qualidade extraordinária" – Antonio CandidoDIARIOS DE BERLIM 1940-1945 - OS BASTIDORES DA OPERAÇAO QUE PLANEJOU ASSASSINAR HITLER 
Setenta anos após o término da Segunda Guerra Mundial, a Boitempo publica o relato testemunhal mais próximo e mais completo sobre a preparação, o fracasso e o desenlace trágico do atentado contra Adolf Hitler, em 20 de julho de 1944, que ficou conhecido como “Operação Valquíria”. Os diários que a princesa russa Marie Vassiltchikov manteve entre 1940 e 1945, durante seu exílio na Alemanha e em Viena, são um dos documentos mais notáveis que emergiram da guerra, considerados até hoje o único depoimento extenso contemporâneo desses acontecimentos, com notas tomadas no calor da hora.
Testemunha “privilegiada” de um dos capítulos mais dramáticos da Segunda Guerra Mundial, Marie Vassiltchikov nasceu na Rússia em 1917 e, devido à sua origem nobre, em tempos de Revolução, cresceu como refugiada com sua família na Alemanha, na França e na Lituânia. Com o desenrolar da Guerra e o avanço do Exército Vermelho, a jovem acabou por fixar residência na Alemanha, onde, por ser poliglota, trabalhou no Ministério de Relações Exteriores do regime nazista e se tornou amiga dos militares alemães que planejaram a Conspiração de 20 de Julho.

Quando começou a escrever, em 1940, Missie não imaginava que a guerra poderia durar tanto tempo e preocupava-se principalmente em resolver seus problemas imediatos, como arranjar trabalho, alimentar-se com os cupons de racionamento e compreender a situação que vivia. Observadora perspicaz, relata em suas anotações os detalhes da vida cotidiana de uma cidade em guerra, inclusive suas tentativas de manter uma vida social minimamente satisfatória, como jovem de 23 anos que era. Em 1945, já havia sentido o cheiro da decomposição de cadáveres nas ruínas bombardeadas de Berlim e Viena e perdido alguns dos seus melhores amigos, porém nunca abandonou a característica que faz seus escritos serem tão originais: a mescla entre seriedade e alegria de viver. Sempre teve consciência da gravidade do momento histórico pelo qual passava, mas nunca deixou de, ainda assim, tentar levar uma vida normal.
Diários de Berlim é uma compilação dos escritos da aristocrata durante os anos de 1940-1945 e apresenta um relato único sobre a nobreza europeia – que se encontrava no meio da ocupação nazista e do avanço do exército russo – e sua ruína. A princesa russa escreve sobre a violência da guerra, com seus bombardeios, e também sobre sua vivência como estrangeira num país dominado pelos nazistas, com a crescente perseguição a civis, com o olhar de alguém que não era diretamente visado pelo regime, mas que era abalado por suas consequências diariamente.
Mais de duzentos dos implicados no 20 de Julho foram julgados e executados com requintes de crueldade nos meses que se seguiram ao golpe, o que dizimou parte significativa da alta oficialidade das Forças Armadas alemãs e dos diplomatas do país, enquanto o III Reich agonizava. Os últimos executados foram mortos quando faltavam duas semanas para o fim da guerra, uma semana antes que Hitler se suicidasse, enquanto o Exército Vermelho já combatia dentro de Berlim.
O livro conta com comentário de capa de Antonio Candido (leia abaixo); apresentação, tradução e notas de Flávio Aguiar; e texto de orelha de Bruno Gomide. A edição vem acrescida ainda de índice onomástico e de um rico caderno de imagens.

Comentário de Antonio Candido
"Este diário é de qualidade extraordinária como documento e como revelação de personalidade. De maneira sóbria e discreta, sem ênfases nem transbordamentos pessoais, a autora dá relevo muito expressivo ao dia a dia vivido por ela e por um grupo de amigos, todos com a vida potencialmente em perigo devido à violência da repressão nazista e, a partir de certo momento, aos bombardeios aéreos efetuados pelos Aliados. Entre as linhas do texto, e mesmo nelas, o leitor vai percebendo o antinazismo que se infiltra nesse grupo de aristocratas do mais alto nível e leva alguns deles ao sacrifício da própria vida. A escrita, de excelentes predicados pela objetiva naturalidade, realça o fascínio despertado por esse relato que enriquece nosso conhecimento sobre uma das fases mais trágicas da história contemporânea." – Antonio Candido, em texto de quarta capa da edição brasileira.

Crítica internacional

“Um dos diários de guerra mais extraordinários já escritos. A um só tempo inocente e astuto, retrata a morte da Velha Europa pelos olhos de uma bela e jovem aristocrata cujo próprio mundo está desaparecendo com os acontecimentos que descreve.” – John le Carré

“Uma costura hábil de história, memória e autobiografia, repleta de vívidos personagens.” – Washington Post Book World

“O melhor relato que possuímos hoje de uma testemunha ocular dos bombardeios de Berlim.” – The New York Times Book Review

“O irreverente olhar de uma insider sobre a Alemanha nazista.” – Vanity Fair

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