quarta-feira, 11 de junho de 2014

A vertiginosa ascensão e a queda de um menino no tráfico carioca

“A vida de Fiel não é fácil. Quando a chapa esquenta, é ele quem segura o rojão e fica no olho do furacão, pois o patrão está longe. O livro retrata fielmente a realidade vivida em muitas favelas do Brasil. A escrita é interna, vinda de um cara que viveu ali, bem de perto, e só não se afundou na criminalidade porque foi resgatado pela arte” – MV Bill, rapper e escritor

Na linha de sucessão de escritores como Ferréz e MV Bill, surge Fiel, de Jessé Andarilho. Baseado em histórias reais que conteceram com o autor, seus amigos e conhecidos, o primeiro romance do carioca de 33 anos conta a vertiginosa ascensão e a queda de um menino no tráfico carioca. Fala também, com propriedade, da vida de centenas de jovens das periferias, favelas e comunidades das grandes metrópoles. Com mais um diferencial curioso: foi todo escrito pelo autor nas teclas de um celular para ocupar o tempo que passava dentro do trem a caminho de casa para o trabalho e vice-versa, muitas vezes em pé.
Nascido no Rio de Janeiro em 1981, no bairro do Lins, Jessé foi criado em Antares, conjunto habitacional popular criado no início da década de 1970 na Zona Oeste da cidade, para receber moradores de favelas removidas da Zona Sul. Seu interesse pela literatura e pela escrita começou por acaso, quando ganhou de presente o livro Zona de Guerra, de Marcos Lopes. Saiu dizendo para todo mundo que tinha muitas histórias como as do livro para contar. Até que ouviu de um amigo: “Tem história melhor que a do cara, então vai lá e escreve!”. Jessé não pensou duas vezes e começou a escrever. Assim nasceu oFiel e também o codinome Andarilho.
“Este frenético romance é prova cabal de que a capacidade criativa e empreendedora do povo carioca chegou à literatura, depois de passagens exitosas pela música, pelo teatro e pelo cinema”, escreve o jornalista e também escritor Julio Ludemir. “Também é emblemático desses tempos que um cara que se autodenomina Andarilho tenha narrado o mundo que o cerca viajando de trem, que é um símbolo do apartheid carioca, que mantém a quase totalidade da sociedade aprisionada em guetos controlados ora pela milícia, ora pelo tráfico. Jessé rompeu os grilhões do gueto para produzir um livro que nos liberta a todos”, continua Ludemir.

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