segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Mandrake, o sedutor personagem criado por Rubem Fonseca em 1967, estreou na literatura policial nas páginas do livro "Lúcia McCartney".
 Ele não é propriamente um detetive particular, e sim um advogado criminalista mas, quando um crime cruza o seu caminho, persegue a solução até o fim.
Natural do Rio de Janeiro, Mandrake foi um menino calado e introspectivo. Filho de pais separados, perdeu a mãe muito cedo, tendo sido criado pelo pai. Na adolescência, optou pela faculdade de Direito e se formou em segundo lugar no curso, destacando-se nas disciplinas de Medicina Legal e Direito Penal. Nos primeiros anos era um profissional idealista e dedicado à carreira mas, com o passar do tempo, desiludiu-se com as petições, defesas e burocracias da lei, e acabou voltando sua atenção para outra paixão incondicional: as mulheres. Na capital carioca, divide um escritório com o sócio Leon Wexler, um advogado sério, calejado e uma espécie de figura paterna para ele. Contempla panoramas invejáveis da janela do escritório, como o mar azul-escuro da baía, o parque do Flamengo e o morro da Urca. A divisão dos encargos é ordenada: enquanto Mandrake se encarrega das causas criminais, seu sócio assume as causas cíveis. Mas quem trabalha para valer é Wexler, um judeu empenhado e responsável, dotado de humor ácido e de forte senso ético. Mandrake lida melhor com os casos de extorsão e chantagem, sendo geralmente procurado por clientes da nata carioca.
Rubem Fonseca expõe nas tramas a violência urbana de um Rio de Janeiro marginal, usando uma linguagem objetiva e cortante. Seu detetive é quase um anti-herói, um homem cínico e de valores morais questionáveis. Mandrake tem posicionamentos e hábitos particulares, tem qualidades e defeitos. É apaixonado pelas mulheres, mas não costuma manter relacionamentos duradouros. A fidelidade é um substantivo que não faz parte de seus atributos pessoais. Entre as manias que cultiva é levemente hipocondríaco, não gosta de televisão nem de celulares e relaxa lendo um livro na cama, pela manhã, antes de levantar. Já quanto aos prazeres do copo, não resiste a um chopp gelado ou a uma boa taça de vinho português (embora se renda aos vinhos de qualidade questionável também). Aliado à bebida não podem faltar os charutos cubanos, preferencialmente os escuros e curtos Panatela, os Havana Médios e Supremos, os ilustres Partaga D-4 ou até os fedidos Pimentel número 02, que gosta de fumar com estômago vazio.
Apesar das primeiras histórias pertencerem a um Brasil dos anos 70 e 80, elas poderiam ter sido escritas nos dias de hoje pois têm elementos e trama condizentes com a realidade do século 21. Entre 2005 e 2007, Mandrake ganhou uma série produzida pela HBO, com roteiro e direção de José Henrique Fonseca, filho de Rubem Fonseca. E assim ele resiste aos cabelos grisalhos e às paixões turbulentas, colecionando
 admiradores de várias gerações.
    


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