quarta-feira, 16 de outubro de 2013


 Os cinco eram apaixonados pela Lívia. Um dia ela teve a ideia de um pacto de sangue para unir a turma até a morte. A amizade sobreviverá ao ritual? O texto inédito batiza Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos, o primeiro livro só de contos de Luis Fernando Veríssimo. Uma espanhola misteriosa e sensual, um ex-preso político atormentado por uma mancha no carpete, um expert em vinho que não bebe, um homem que precisa decidir até onde ir para ganhar uma promoção, uma violoncelista que exerce um estranho domínio sobre cinco amigos. Sem contar a empregada doméstica que resolve todos – eu disse todos – os problemas da casa. Quem mais além de Cremilda seria capaz de se livrar do agiota que inferniza a família e ainda por cima fazer um manjar branco igual ao da mãe do patrão? O autor vai do drama à comédia, com incursões aqui e ali na tragicomédia. Como no caso do homem que, durante um enfarte, tenta se lembrar de onde botou o remédio e o que vêm à mente são as ruas de Copacabana, o Gordo e o Magro, as capitanias hereditárias, a linha média do Flamengo tricampeão dos anos 1940 e Gisela. Ah, a Gisela! Amor, sexo, relacionamentos, obsessões, violência, morte, tem de tudo em Os últimos quartetos de Beethoven e outros contos: de histórias ligeiras, como a do passageiro com fobia por avião, a mais densas, como a do ex-militante assombrado por lembranças do passado. Vícios e virtudes do ser humano temperados pelo humor incomparável de um mestre da narrativa curta.

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