sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Mais uma HQ, mas não qualquer uma, sobre os campos de concentração nazistas 
Reinhard Kleist fez seu nome ao produzir uma série de biografias em quadrinhos (veja abaixo agenda do autor no Brasil). Depois de Elvis Presley, Johnny Cash e Fidel Castro, chega agora ao Brasil, novamente pela editora gaúcha 8Inverso, a história de vida de um personagem bem menos famoso.

O Boxeador relata o drama de Hertzko Haft, judeu polonês enviado aos campos de concentração nazistas quando ainda era adolescente.
Ajudou muito o fato de Haft ser um cara durão. Ele se destacou nas lutas de boxe improvisadas pelos militares alemães e ganhou a simpatia de um oficial. Se isso não lhe trouxe privilégios, pelo menos adiou a viagem sem volta para as câmaras de gás.
Com o final da guerra, Haft mudou-se para os Estados Unidos e deu início à carreira de pugilista profissional. Seu maior feito foi ter enfrentado um dos grandes nomes daquele esporte à época, Rocky Marciano.
Tudo isso é contado em primeira pessoa por Haft, num relato que fez perto do final da vida ao seu filho Alan – e que rendeu a biografia Um dia, eu contarei tudo, na qual se baseia a graphic novel de Kleist.
O pano de fundo do relato comovente de um sobrevivente de Auschwitz, entre outros campos por que passou, é o horror que o nazismo representou na história da Humanidade.
Quando esse panorama político é trazido para a vida cotidiana das pessoas é que se percebe com mais clareza a crueldade da política de Hitler. Foi o caso de Haft, arrancado de sua amada Leah às vésperas do casamento. Em grande parte, a esperança de reencontrá-la foi o que o manteve vivo.
O final, que não será revelado neste texto para não estragar a surpresa, traz o leitor de volta à primeira página e provoca aquele nó na garganta.
A grande ironia da história de Hertzko Haft é que se por um lado a guerra destroçou seu sonho, por outro trouxe a ele a fama que jamais poderia almejar se tivesse tocado sua vida como filho de um mercador numa cidade industrial do interior da Polônia.
Kleist tem traço preciso e narrativa fluida. Capricha nos enquadramentos e ousa na diagramação. Isso tudo aliado a uma história sensível faz de O Boxeador uma leitura para lá de agradável. O livro traz, como extras, esboços do autor, fotos de Haft e um posfácio sobre o esporte nos campos de concentração.

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