quarta-feira, 29 de agosto de 2012

A meticulosidade de Caleb Carr: apaixonando o leitor sem pressa.



Ao contrário dos toscos filmes e livros que utilizam psicologia de araque para embasar suas tramas de psicóticos, O ALIENISTA encanta o leitor pela sua meticulosidade, pela capacidade de ir realmenteconstruindo a personalidade do assassino, ao mesmo tempo que envereda pelas relações entre os membros da equipe e pela metrópole que Nova Iorque já era em 1896.

Aliás, o “perfil” que monta da Nova Iorque fin-de-siècle é outro aspecto muito bem sucedido do thriller de Caleb Carr, principalmente por lançar sombra sobre o presente (as notícias aterradoras que estão vindo à tona sobre redes de pedofilia, por exemplo). O ALIENISTA executa uma arqueologia do presente, mergulhando nas raízes das contradições da cidade paradigmática dos EUA. Não da forma simbólica e enviesada que caracteriza A mecânica das águas, porém de uma forma tão convincente que o leitor se sente tentado a pensar que Nova Iorque só poderia ser assim na década de noventa do século passado.




(resenha publicada em 30 de setembro de 1997)

Malgrado sua qualidade inegável, O silêncio dos inocentes marcou um patamar que se revelou mais um mal do que um bem ao longo dos últimos anos. É muito difícil encontrar agora qualquer thriller envolvendo um assassino em série que apresente um mínimo de inteligência e verossimilhança, já que é pedir demais originalidade. E aqui temos o primeiro ponto contra O ALIENISTA (The Alienist, traduzido por Pinheiro de Lemos), publicado há dois anos pela Record e que ganhou edição pelo Círculo do Livro: o déjà vu, a impressão de história gasta.

Outro ponto contra é o seu título. Para o leitor brasileiro, ele está definitivamente associado à obra-prima de Machado de Assis.

Contra o livro de Caleb Carr ainda está o fato de E.L. Doctorow, um dos maiores escritores norte-americanos, ter publicado seu ótimo The waterwork-A mecânica das águas nos EUA no mesmo ano, 1994. E daí? Daí que Doctorow utiliza a mesma época, o mesmo espaço-clímax (o reservatório de água, um ponto vital na arquitetura novaiorquina do século XIX) e um narrador em primeira pessoa na mesma condição (jornalista).

Mesmo assim, com tudo contra, O ALIENISTA é um belo romance. Nele, há um serial killer matando e mutilando garotos imigrantes extremamente jovens (abaixo dos quinze anos) que se prostituem na Nova Iorque de 1896. O comissário Teddy Roosevelt (o qual mais tarde será presidente), responsável por um polêmico e combatido programa de moralização da polícia, monta uma equipe inortodoxa para tentar capturar o psicopata.

Dessa equipe participam John Schuyler Moore, o narrador, jornalista do Times; Sara, que pretende tornar-se a primeira mulher investigadora; Marcus e Lucius, irmãos que se dedicam ao lado “científico” da criminologia, introduzindo noções “modernas” como o recolhimento de digitais; Cyrus e Mary Palmer, indivíduos que já cometeram violentos homicídios; e o líder, dr. Laszlo Kreizler, o “alienista” do título, que tenta aplicar os princípios da incipiente psicanálise para descobrir o assassino e renovar a ciência criminal (e, quem sabe, melhorar a sociedade). Para alcançar esse fim, ele treina sua “equipe” a montar o “perfil psicológico” do matador de prostitutos:

“…devíamos envidar todos os esforços possíveis para nos livrarmos de preconceitos sobre o comportamento humano. Não devíamos tentar ver o mundo através de nossos próprios olhos nem julgá-lo por nossos próprios valores, mas sim, com a mente de nosso assassino. A experiência dele, o contexto de sua vida, era tudo que importava. Qualquer aspecto de seu comportamento que nos desconcertasse, do mais trivial ao mais horrendo, devia ser explicado por eventos em sua infância que poderiam levar a tais eventualidades. Esse processo de causa e efeito—que aprenderíamos em breve ser chamado de determinismo psicológico—talvez nem sempre nos parecesse lógico, mas seria coerente. Kreizler realçou que nada de positivo resultaria de conceber aquela criatura como um monstro, porque era com certeza um homem (ou uma mulher), e esse homem ou mulher fora outrora uma criança”.



Ao contrário dos toscos filmes e livros que utilizam psicologia de araque para embasar suas tramas de psicóticos, O ALIENISTA encanta o leitor pela sua meticulosidade, pela capacidade de ir realmenteconstruindo a personalidade do assassino, ao mesmo tempo que envereda pelas relações entre os membros da equipe e pela metrópole que Nova Iorque já era em 1896.

Aliás, o “perfil” que monta da Nova Iorque fin-de-siècle é outro aspecto muito bem sucedido do thriller de Caleb Carr, principalmente por lançar sombra sobre o presente (as notícias aterradoras que estão vindo à tona sobre redes de pedofilia, por exemplo). O ALIENISTA executa uma arqueologia do presente, mergulhando nas raízes das contradições da cidade paradigmática dos EUA. Não da forma simbólica e enviesada que caracteriza A mecânica das águas, porém de uma forma tão convincente que o leitor se sente tentado a pensar que Nova Iorque só poderia ser assim na década de noventa do século passado.

E fazendo o presente se inscrever no passado (assim como o assassino adulto que comete crimes em Nova Iorque está inscrito no garoto da cidadezinha de New Paltz). Carr evita habilmente o grande risco dos anacronismos, dos detalhes que ficariam inverossímeis demais colocados numa época passada e numa mentalidade distante. Lemos a Nova Iorque de 1896 pensando na Nova Iorque dos nossos dias, e a sobreposição das duas qualifica O ALIENISTA como o mais expressivo romance de mistério e suspense da década:

“Sabe, estive pensando que ainda podia sentir compaixão pelo homem, apesar de tudo que ele fez, por causa do contexto de sua vida. Cheguei a pensar que finalmente o conhecia.

Kreizler sacudiu a cabeça.

Não pode, John. Não tão bem assim. Talvez possa se aproximar o suficiente para se antecipar, mas no final, nem você nem eu nem qualquer outra pessoa poderá ver o que ele vê quando olha para as crianças, ou sentir exatamente as emoções que o levam a empunhar a faca. A única maneira de aprender tais coisas seria…—Kreizler virou-se para a janela, com uma expressão distante—…seria perguntar a ele”.

Recusando o ritmo de história em quadrinhos ou mesmo do cinema na condução da sua trama, nem por isso Carr deixa de tornar empolgante a tentativa do dr. Kreizler de ficar cara a cara com o assassino de forma a lhe fazer perguntas vitais. Deixo para o leitor descobrir, lendo um livro primoroso em seu gênero, se ele consegue ou não.

Quanto à edição do Círculo do Livro, nada contra, a não ser não terem conseguido encontrar uma capa tão expressiva quanto a da Record (uma foto inquietante de Alfred Stieglitz), que por si só já chamava a atenção para o romance de Carr nas livrarias.

 NOVAS AVENTURAS DO DOUTOR KREIZLER E CIA.

(resenha publicada em 23 de maio de 2000)

Em O ANJO DAS TREVAS (The angel of darkness, 1997, traduzido por Raquel Zampil), um dos grandes lançamentos deste ano, Caleb Carr coloca em ação o mesmo grupo de personagens de O alienista(1994): o dr. Lazslo Kreizler, que tenta aplicar princípios da psicanálise para renovar a criminologia; os irmãos judeus Marcus e Lucius, sargentos-detetives, que se dedicam ao lado “científico” da investigação policial (preocupam-se com “modernidades” como recolhimento de impressões digitais e provas balísticas); Sara Howard, que se tornou a primeira mulher detetive particular; John Schuyler Moore, jornalista do Time e inveterado boêmio; Cyrus, negro que já cometeu um crime horrível e que trabalha para Kreizler, assim como Stevie, um moleque que era marginalzinho das ruas. Este último é o narrador do livro, substituindo Moore, que preenchia essa função na história anterior. Portanto, um grupo de pessoas nada ortodoxo na cultura norte-americana (como ela mesma gosta de se ver e proclamar ao mundo) e cuja visão em conjunto deixa as pessoas intrigadas e cheias de suspeitas (e a eles reunir-se-á, em O ANJO DAS TREVAS, um pigmeu filipino).

Se é o mesmo grupo em cena e a mesma época (final do século passado), há uma diferença fundamental entre as duas tramas: em O alienista, essa equipe procurava reconstruir, por assim dizer, a personalidade de um assassino que matava e mutilava michês novinhos, e cuja identidade só era descoberta no final; já em O ANJO DAS TREVAS, logo se sabe quem é a raptora da filha de um funcionário da embaixada espanhola na Nova Iorque de 1897, com os EUA vivendo um clima de preparação de guerra contra a Espanha.

E o fato de os investigadores do rapto chegarem não só à identidade da criminosa, Libby Hacht, como também ao local onde ela mantém o bebê escondido, transforma-se num dos encantos da leitura do livro de Carr. Isso acontece no 16º capítulo (são 59 ao todo), na página 189. E o leitor se pergunta: como serão recheadas aos outras 530 páginas? Afinal, 90% de O alienista acontecia sem que houvesse um confronto direto com o psicopata, que era um fantasma que ganhava corpo e vida aos poucos, com as deduções e descobertas meticulosas dos membros da equipe kreizleriana.

Pois o leitor não precisa duvidar: Caleb Carr realiza a mágica de preencher as 530 páginas com uma das tramas mais brilhantes da literatura policial. Nossos heróis, impedidos de resgatar a filhinha do diplomata espanhol no primeiro confronto com Libby Hacht, se dedicam a montar uma engenhosa armadilha que a apanhará. Para isso, começam a investigar o seu passado, o que os levará para fora de Nova Iorque, para as cidadezinhas ao norte do estado, especialmente Ballston Spa, onde descobrirão que, entre outras coisas (é bom não revelar muito), essa espantosa assassina matou dois filhos e quase conseguiu dar cabo da filha mais velha. A sobrevivente nunca mais falou com ninguém e o dr. Kreizler tenta fazer com que ela se comunique novamente, pois Rupert Picton, promotor amigo de Schuyler Moore, resolve levar Libby a julgamento por esse crime (embora tenham acontecido muitos, muitos outros e, ao longo da narrativa, acontecerão muitos, muitos outros mais).



É lógico que a reconstituição da época (e principalmente da sua mentalidade) é uma das preocupações obsessivas de Carr. Em O ANJO DAS TREVAS, um de seus objetivos básicos é discutir a incapacidade do senso comum em aceitar a violência praticada pela mulher. Ou seja, que uma mulher possa ter uma mente criminosa como o homem e, mais ainda, que uma mãe possa querer destruir fisicamente seus filhos. Esse senso comum é que atrapalha e embaraça as investigações de Kreizler & Cia, as quais são feitas com o mesmo vagar e com o mesmo apuro nos detalhes que já impressionavam na obra anterior. Que fique claro: quem gostar de ritmo frenético, de uma narrativa “cinematográfica” (como se costuma atribuir como qualidade de certos autores policiais e mesmo fora do gênero), não tolerará a leitura de O ANJO DAS TREVAS. Carr é um escritor que pede todo o tempo do mundo do leitor, mas a morosidade com que sua narrativa se constrói não a enfraquece de forma alguma. Muito pelo contrário, estamos diante de um autor que acredita na solidez de um enredo impecavelmente arquitetado e apresentado de uma forma que parece, ao leitor, estar experimentando o que o personagem experimenta. A impressão que temos é que dormimos, acordamos, trabalhamos, comemos, bebemos e corremos perigo junto com esses personagens de 1897.

Assim, o leitor se torna uma engenhosa armadilha para o leitor também, que fica com má vontade de retornar à sua vida de todo dia e se afastar do universo da trama, algo que só parecia possível nos romances oitocentistas. E as explicações psicológicas para o comportamento de Libby Hacth, a Medéia de Ballston Spa, conseguem o milagre, raríssimo em histórias desse tipo, de ganhar a dimensão de descobertas sobre a mente humana, cuja discussão nunca amesquinha os fatos como mera moldura para teoriazinhas.

E vários fatos nunca serão explicados, como já afirmava o advogado de Libby Hacht, o ilustre Clarence Darrow (que existiu realmente), durante o seu julgamento, nem com toda a meticulosidade de Kreizler/Carr. Um deles, por exemplo, é o motivo que levou a Record, que tinha melhorado de forma visível , a regredir tão lamentavelmente e colocou no mercado um resultado tão rampeiro quanto a sua edição de O ANJO DAS TREVAS, a qual sequer tem orelhas nas capas e vem com , digamos, ilustrações que parecem ter sido encomendadas a crianças do jardim da infância e que deveriam ter sido liquidadas pela psicopata do livro. E qual terá sido a Libby Hacht do mundo editorial que sugeriu o preço assassino de sessenta reais?! Que leitores poderão apreciar o talento de Caleb Carr e seu ótimo thriller com tal preço psicótico?

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Adaptação cinematográfica do thriller policial sueco que estreia em 28 de setembro na Suécia.



O massacre de uma família nos arredores de Estocolmo abala a polícia sueca, e o detetive Joona Linna exige investigar os assassinatos. Com o criminoso foragido só há uma testemunha: o filho de 15 anos, que sobreviveu ao ataque. Quem cometeu os crimes o queria morto: ele recebeu mais de cem facadas e está em estado de choque.

Desesperado por informações, Linna só vê uma saída: hipnose. Ele convence o Dr. Erik Maria Bark - especialista em pacientes psicologicamente traumatizados - a hipnotizar o garoto, esperando descobrir o assassino através das lembranças da vítima. É o tipo de trabalho que Bark jurara nunca mais fazer: eticamente questionável e psicologicamente danoso. Quando ele quebra a promessa e hipnotiza o garoto, uma longa e aterrorizante sequência de acontecimentos tem início.



segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Casais Inteligentes Enriquecem Juntos (FILME) - Até que a $orte nos Separe

 Um dos maiores detonadores de brigas entre o casal são as dificuldades financeiras. Faltou dinheiro para pagar as contas? A culpa recai sobre o parceiro esbanjador, que não quer nem saber se havia saldo no banco na hora de fazer alguma compra. Sobrou dinheiro no fim do mês? Em vez de comemorar, o casal pode arranjar mais um motivo de discussão sobre como investir ou gastar aquela quantia.
           
Para Gustavo Cerbasi, a causa desses desentendimentos é a falta de conversa sobre dinheiro entre o casal. Em geral, só se fala sobre o assunto quando a bomba já estourou. E, como não discute a questão a dois, a maioria não faz um orçamento, não guarda dinheiro para atingir suas metas (ou, pior ainda, cada um tem seu objetivo, que o outro não conhece), não tem planos para a manutenção de seu padrão de vida no futuro, toma decisões de compra sem refletir, investe mal o dinheiro que eles suaram tanto para ganhar...

Tem jeito? Sim, é possível mudar se houver vontade e compromisso do casal, seja qual for seu orçamento. Com sugestões para casais em qualquer fase do relacionamento, dos namorados aos casais com filhos adultos, este livro mostra diferentes estratégias para formar uma parceria inteligente, ao longo da vida, na administração das finanças da família. Este best-seller, que já vendeu mais de 1 milhão de exemplares, inspirou o filme “Até que a sorte nos separe” e transformou a vida de milhões de pessoas, vai ensinar você a fazer sobrar dinheiro para dar uma incrementada no seu relacionamento!


Livro sobre morte de Bin Laden causa polêmica nos EUA




Um livro que trará o relato da operação que matou o líder da Al Qaeda Osama bin Laden por um de seus participantes já começou a fazer barulho nos EUA antes mesmo de chegar às livrarias.

"No Easy Day" --que será publicado no Brasil com o título"Não há dia fácil: Um líder da tropa de elite americana conta como mataram Osama bin Laden" pode levar o autor ao banco dos réus, se o Departamento de Defesa considerar que ele revela detalhes confidenciais da ação.

Segundo a editora americana Dutton, que lançará o livro em 11 de setembro, o autor, ex-integrante do Seal (elite da Marinha dos EUA), pretende "esclarecer uma das mais importantes missões dos EUA".

O militar, que já deixou a Marinha, assina sob o pseudônimo de Mark Owen.

Além de EUA e Brasil, onde será publicado pela Editora Paralela (selo da Companhia das Letras), o livro será editado também no Reino Unido.


Mark Owen (pseudônimo) foi membro do Grupo para o Desenvolvimento de Operações Especiais da Marinha dos Estados Unidos, o devgru, mais conhecido como Equipe Seis do Seal. Em seus muitos anos como Seal da Marinha, participou de centenas de missões. Foi chefe de equipe na Operação Lança de Netuno, em Abbottabad, Paquistão, em 1º de maio de 2011, que resultou na morte de Osama bin Laden. Owen foi um dos primeiros homens a adentrarem no esconderijo do terrorista e testemunhou, em primeira mão, a sua morte.

Kevin Maurer cobre as atividades das forças de operações especiais norte-americanas há nove anos. Trabalhou como repórter das Forças Especiais em seis ocasiões no Afeganistão. Em 2006, passou um mês com unidades de operações especiais no leste da África e acompanhou as forças americanas em missões no Iraque e no Haiti.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

 Marc Lévy é um escritor francês autor de  romances, entre eles A próxima vez e E se fosse verdade, este último deu origem ao filme.


 Zofia, a melhor agente da Central de Inteligência dos Anjos, recebe a missão do Senhor para que possa erradicar o mal da Terra. Já Satã, convoca Lucas para retirar o bem da humanidade. Os dois têm um prazo para cumprir essa guerra travada pelo Senhor e Satã em sete dias, e ambos estão esperançosos que consigam. Só não contavam com uma coisa... Lucas e Zofia se apaixonam no meio da guerra.



Nesse romance , novamente nos faz acreditar no inacreditável e nos arrasta para um universo cheio de humor, ternura e surpresa.
Outra obra do autor:
Relação conflituosa entre um pai e uma filha. Poucos dias antes do seu casamento, Julia recebe um telefonema do secretário de seu pai. Como ela já tinha previsto, Anthony Walsh - empresário brilhante, mas pai distante - não poderá comparecer à cerimônia.

A ausência de seu pai em momentos importantes de sua vida da filha não é novidade para Julia. Mas pela primeira vez, a personagem tem que reconhecer que ele tem uma boa desculpa: Anthony Walsh morreu...

O Alzheimer, pelo paciente

 
Arthur Rivin - O Estado de S.Paulo
Sou médico aposentado e professor de medicina. E tenho Alzheimer. Antes do meu diagnóstico, estava familiarizado com a doença, tratando pacientes com Alzheimer durante anos. Mas demorei para suspeitar da minha própria aflição.
Hoje, sabendo que tenho a doença, consegui determinar quando ela começou, há 10 anos, quando estava com 76. Eu presidia um programa mensal de palestras sobre ética médica e conhecia a maior parte dos oradores. Mas, de repente, precisei recorrer ao material que já estava preparado para fazer as apresentações. Comecei então a esquecer nomes, mas nunca as fisionomias. Esses lapsos são comuns em pessoas idosas, de modo que não me preocupei.
Nos anos seguintes, submeti-me a uma cirurgia das coronárias e mais tarde tive dois pequenos derrames cerebrais. Meu neurologista atribuiu os meus problemas a esses derrames, mas minha mente continuou a deteriorar. O golpe final foi há um ano, quando estava recebendo uma menção honrosa no hospital onde trabalhava. Levantei-me para agradecer e não consegui dizer uma palavra sequer.
Minha mulher insistiu para eu consultar um médico. Meu clínico-geral realizou uma série de testes de memória em seu consultório e pediu depois uma tomografia PET que diagnostica a doença com 95% de precisão. Comecei a ser medicado comAricept que tem muitos efeitos colaterais. Eu me ressenti d e dois deles: diarreia e perda de apetite. Meu médico insistiu para eu continuar. Os efeitos colaterais 
 desapareceram e comecei a tomar mais um medicamento, Namenda. Esses remédios, em muitos pacientes, não surtem nenhum efeito. Fui um dos raros felizardos. 
Em dois meses, senti-me muito melhor e hoje quase voltei ao normal. Demoramos muito tempo para compreender essa doença desde que Alois Alzheimer, médico alemão, estabeleceu os primeiros elos, no início do século 20, entre a demência e a presença de placas e emaranhados de material desconhecido.
Hoje sabemos que esse material é o acúmulo de uma proteína chamada beta-amiloide. A hipótese principal para o mecanismo da doença de Alzheimer é que essa proteína se acumula nas células do cérebro, provocando uma degeneração dos neurônios. Hoje, há alguns produtos farmacêuticos para limpar essa proteína das células.
No entanto, as placas de amiloide podem ser detectadas apenas numa autópsia, de modo que são associadas apenas com pessoas que desenvolveram plenamente a doença. Não sabemos se esses são os primeiros indicadores biológicos da doença.
Mas há muitas coisas que aprendemos. A partir da minha melhora, passei a fazer uma lista de insights que gostaria de compartilhar com outras pessoas que enfrentam problemas de memória:

Tenha sempre consigo um caderninho de notas e escreva o que deseja lembrar mais tarde.
Quando não conseguir lembrar de um nome, peça para que a pessoa o repita e então escreva.
Leia livros. Faça caminhadas. Dedique-se ao desenho e à pintura.
Pratique jardinagem. Faça quebra-cabeças e jogos.
Experimente coisas novas. Organize o seu dia.
Adote uma dieta saudável, que inclua peixe duas vezes por semana, frutas e legumes e vegetais, ácidos graxos ômega 3.
Não se afaste dos amigos e da sua família. É um conselho que aprendi a duras penas.Temendo que as pessoas se apiedassem de mim, procurei manter a minha doença em segredo e isso significou me afastar das pessoas que eu amava. Mas agora me sinto gratificado ao ver como as pessoas são tolerantes e como desejam ajudar.
A doença afeta 1 a cada 8 pessoas com mais de 65 anos e quase a metade dos que têm mais de 85. A previsão é de que o número de pessoas com Alzheimer dobre até 2030.
Sei que, como qualquer outro ser humano, um dia vou morrer. Assim, certifiquei-me dos documentos que necessitava examinar e assinar enquanto ainda estou capaz e desperto, coisas como deixar recomendações por escrito ou uma ordem para desligar os aparelhos quando não houver chance de recuperação.
Procurei assegurar que aqueles que amo saibam dos meus desejos. Quando não souber mais quem sou, não reconhecer mais as pessoas ou estiver incapacitado, sem nenhuma chance de melhora, quero apenas consolo e cuidados paliativos.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Eleito um dos 10 melhores livros de 2010.

  O ambientalista e filantropo Ben e seu amigo ex-mercenário Chon estão em Laguna Beach–base de operações da maconha, colhendo lucros significativos de sua clientela fiel. No passado, quando seu território estava ameaçado, Chon teve o cuidado de eliminar a ameaça. Mas agora eles podem estar frente a algo que eles não podem lidar—o cartel mexicano Baja quer o território, e um “não” é inaceitável. Quando se recusam a sair, o cartel dá mais força a sua ameaça sequestrando Ophelia, a colega e confidente dos garotos. O rapto desencadeia uma variedade estonteante de negociações e uma emocionante trama que irá cativar os leitores à aprender o custo da liberdade.

        







quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Baseado no livro de Fernando Moraes - Corações sujos virou filme


A Shindo Renmei, ou "Liga do Caminho dos Súditos", nasceu em São Paulo após o fim da Segunda Guerra, em 1945. Para seus seguidores, a notícia da rendição japonesa não passava de uma fraude aliada. Como aceitar a derrota, se em 2600 anos o invencível Japão jamais perdera uma guerra? Em poucos meses a colônia nipônica, composta de mais de 200 mil imigrantes, estava irremediavelmente dividida: de um lado ficavam os kachigumi, os "vitoristas" da Shindo Renmei, apoiados por 80% da comunidade japonesa no Brasil. Do outro, os makegumi, ou "derrotistas", apelidados de "corações sujos" pelos militantes da seita. Militarista e seguidora cega das tradições de seu país, a Shindo Renmei declara guerra aos "corações sujos", acusados de traição à pátria pelo crime de acreditar na verdade. De janeiro de 1946 a fevereiro de 1947, os matadores da Shindo Renmei percorrem o Estado de São Paulo realizando atentados que levam à morte 23 imigrantes e deixam cerca de 150 feridos. Em um ano, mais de 30 mil suspeitos dos crimes são presos pelo DOPS, 381 são condenados e 80 são deportados para o Japão. Nesta sua volta à grande reportagem, Fernando Morais conta a história da seita nacionalista que aterrorizou a colônia japonesa no Brasil.

Nascido em Mariana, Minas Gerais, em 1946, é jornalista. Trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja e em várias outras publicações da imprensa brasileira. Recebeu três vezes o prêmio Esso e quatro vezes o prêmio Abril de jornalismo. Foi deputado e secretário da Cultura e da Educação do Estado de São Paulo. Visite o site do autor






Outras obras:
     



 No início da década de 1990, Cuba criou a Rede Vespa, um grupo de doze homens e duas mulheres que se infiltrou nos Estados Unidos e cujo objetivo era espionar alguns dos 47 grupos anticastristas sediados na Flórida. O motivo dessa operação temerária era colher informações com o intuito de evitar ataques terroristas ao território cubano. De fato, algumas dessas organizações ditas “humanitárias” se dedicavam a atividades como jogar pragas nas lavouras cubanas, interferir nas transmissões da torre de controle do aeroporto de Havana e, quando Cuba se voltou para o turismo, depois do colapso da União Soviética, sequestrar aviões que transportavam turistas, executar atentados a bomba em seus melhores hotéis e até disparar rajadas de metralhadoras contra navios de passageiros em suas águas territoriais e contra turistas estrangeiros em suas praias.

Legendário revolucionário.


... e vai por fogo 


Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo

A trajetória do revolucionário Carlos Marighella, militante do Partido Comunista Brasileiro por 33 anos e fundador da Ação Libertadora Nacional, o maior grupo armado de oposição à ditadura militar (1964-85)





Vem aí uma outra biografia de Carlos Marighella, mais importante guerrilheiro brasileiro, sai em agosto, pela Cia das Letras. Escrita por Mário Magalhães, após nove anos de preparação. Título? Marighella – O Guerrilheiro que Incendiou o Mundo.      

Mário Magalhães revela, por exemplo, que Joan Miró, pintor catalão, deu alguns de seus esboços para a Aliança Libertadora Nacional leiloar na Europa. Luchino Visconti, cineasta italiano, doou dinheiro para a organização armada, durante a ditadura militar.

E em sua Casa de Vidro, em SP, Lina Bo Bardi abrigou reuniões ultrassecretas entre Marighella e Carlos Lamarca – antes de o capitão abandonar o Exército, em janeiro de 1969, e se incorporar à Vanguarda Popular Revolucionária.

O livro é resultado de entrevistas com 247 pessoas e consulta a 50 mil páginas de documentos – a maioria secreta – no Brasil, EUA, Rússia e República Tcheca, entre outros países.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Um dos melhores autores de intriga internacionais de sua gerção


Coleção completa de Daniel Silva em Aveiro
Daniel Silva (1960) é um autor estado-unidense de romances de espionagem.

Daniel Silva é filho de pais açoreanos imigrados em Massachussets e passou a infância no seio de uma   comunidade de pescadores. Escreveu oito bestsellers que alcançaram o top do New York Times. Daniel Silva foi produtor executivo da programação da CNN emWashington e em 1987 foi nomeado correspondente no Médio Oriente, no Cairo. Viajou muito por toda a região, cobriu a Guerra Irã-Iraque, o terrorismo e os diversos conflitos políticos na região.
                                                         

Sadomasoquismo em LITERATURA


 


Já há algum tempo escuto falar do livro "50 Tons de Cinza". Enquanto só tinha versão em inglês, confesso, tive preguiça de ler — ler em outra língua e entrar no clima do livro é muito mais difícil. Mas assim que a editora Intrínseca traduziu a obra, fiquei maluca para ler. E li! Clique aqui para ler o primeiro capítulo do livro também.

Muita gente falou sobre como esse livro era erótico, falava sobre sadomasoquismo e mudaria o panorama da literatura erótica feminina no mundo. Ok, vamos com calma.

Leia também:
Ele vai mudar. Por mim.
Descubra o que eles curtem ouvir na hora 'h'
Amarrando com prazer: conheça o bondage
Como escolher meu primeiro vibrador?
O poder do pompoarismo

O livro é bom. A leitura é fácil sem ser infantilizada e te leva com ela. Você pode estar no ônibus, mas se sente em um quarto cheio de brinquedinhos sexuais com um homem incrível e sedutor. E a escrita é bem parecida com todos os livros que vendem como 'femininos' por aí. Lembra bastante Marian Keyes, Meg Cabot e essa geração de escritoras com narrativa leve e gostosa.

Não vou ficar aqui falando sobre as características literárias da obra, afinal, não foi pra isso que você veio aqui! Vou falar sobre o bom e velho sexo.

Você vai encontrar, sim, muito sexo no livro. Pense em um começo de relacionamento: basta olhar para a pessoa amada e você já está pronta para passar três dias dentro de um quarto tentando todas as posições que já ouviu falar, certo? É meio que isso! E é essa a sensação do livro.
E aí vem o papo do sadomasoquismo. Quando você ouve falar do livro acredita que vai ler coisas absurdas e assustadoras, cheias de fetiches que você nem sabia que existia. É... Não! Você que, assim como eu, se interessa por sexo não vai encontrar nenhuma novidade chocante.

Tem muitas mãos amarradas, tapas fortes e fracos, puxões de cabelo, brinquedos sexuais... Mas quem nunca tentou esse tipo de brincadeirinha em uma relação sexual? Mesmo que você não amarre as mãos, já brincou de que a outra pessoa não podia tocar em você e tal — não? Então você está perdendo tempo!

O que eu penso sobre o livro é que ele pode ajudar muitas mulheres a se soltarem mais na cama e pode fazer muita gente ver que aqueles desejos que sente não são absurdos ou doentios. O livro veio para acabar com o preconceito sobre mulheres — e homens — que gostam de levar (ou dar) umas palmadas, curtem   um puxão de cabelo ou uma conversa bem suja durante o sexo.

Vale a pena lembrar que sexo desse tipo não tem nada a ver com sexo sem amor. O sentimento é algo totalmente diferente de suas predileções na cama e tudo pode conviver muito bem e em harmonia.

Se eu tivesse que dizer pra você se comprar o livro é uma boa, diria que sim. E também diria pra você mergulhar mesmo na história, deixar sua imaginação entrar na trama e fazer parte de tudo aquilo. Pode ter certeza que seu corpo vai agradecer e a próxima pessoa com quem você fizer sexo também!

Ah, esse livro é só o primeiro de uma trilogia, que promete dar uma boa esquentada nas outras obras, então é só um aquecimento.

Você leu o livro? O que achou? Pretende ler os outros? E quem não leu, ficou curioso?        

Livro para quem ama literatura e cheio de sensibilidade



“O Mestre das Iluminuras“, romance de estréia da americana Brenda Rickman Vantrease, se desenrola na Inglaterra do século XIV, época de dupla opressão sobre as camadas sociais, de um lado por parte do Rei, do outro pela Igreja, com impostos, dízimos e ameaças diversas pairando sobre suas cabeças. A trama, que se desdobra em torno de Finn, o Mestre de Iluminuras, revela um mundo regido pelo masculino, completamente enraizado no patriarcalismo, no qual as mulheres não têm voz nem vez, seja qual for sua posição social. Ironicamente, porém, as páginas deste livro são povoadas por personagens femininas marcantes, como a Senhora de Blackingham, Kathryn – viúva que se encontra em sérias dificuldades financeiras e hospeda em sua casa o iluminador e sua filha Rose, em troca de um alívio nas finanças, – e Julian de Norwich – mística reclusa.

Neste momento conturbado da História, o clero tem o monopólio da salvação das almas e responde por Deus perante os homens. Os textos sagrados são propriedades exclusivas da Igreja, escritos apenas em latim ou francês normando, língua dos nobres, e tão somente interpretados pela hierarquia clerical. Os livros são raros e copiados à mão pelos monges, decorados com luxo e requinte por iluminadores, refletindo assim o poder e a vaidade de padres, bispos e arcebispos. Estes mergulham cada vez mais na riqueza material, na ganância, na vida indisciplinada, regada a fartos banquetes e orgias...

A Companhia Negra - As Crônicas da Companhia Negra - Livro 01 - Glen Cook





A Companhia Negra é um grupo de mercenários com uma história que remonta a séculos. Numa tentativa de reviver o passado de glórias, ela se une ao exército da Dama, uma feiticeira de poder inigualável que acordou de um sono de eras para reconquistar tudo que perdeu. A Companhia se vê envolvida, então, em muito mais do que campanhas militares: ela precisa sobreviver aos conflitos extremamente traiçoeiros entre os servos da Dama. Num mundo onde a magia está presente em cada esquina, toda rua esconde segredos maravilhosos... e perigos mortais.

Clássico da literatura fantástica americana, A Companhia Negra foi publicado originalmente na década de 1980.

“O talento único de Cook em combinar forte realismo e um universo surpreendentemente fantástico resulta em uma série ousada... Altamente recomendável.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Joe Kubert | Morre um dos maiores nomes dos quadrinhos nos EUA

Joe Kubert Joseph Kubert, uma das lendas vivas dos quadrinhos nos EUA, faleceu neste domingo. O quadrinista, conhecido pelas HQs de Sargento Rock, Tarzan e Gavião Negro, ainda estava na ativa, tanto desenhando quanto coordenando a Kubert School. Tinha 85 anos.
Joe Kubert
tarzan
Kubert nasceu numa aldeia judia da Polônia, em uma região que hoje faz parte da Ucrânia. Foi para os EUA com apenas dois meses, em 1926. Não há uma biografia precisa sobre o início da sua carreira, mas há registros de que ele circulava por estúdios já aos 13 anos, no boomdos quadrinhos em Nova York do final da década de 1930. Ele chegou a dizer que fez estágios nestes estúdios aos 10 anos.



Após a formação artística na adolescência, ele começou a trabalhar profissionalmente para estes estúdios, que forneciam material para diversas editoras. No início da década de 40, já estava trabalhando para a DC Comics. Aos 19 anos, fez sua primeira história com o Gavião Negro, com quem teve uma longa relação - participou inclusive da reinvenção do personagem, no início da década de 60, e até hoje tem seu nome associado ao herói.

Em meados da década de 50, exclusivo da DC, ele participou da criação do Príncipe Viking e do longevo personagem militarSargento Rock, ambos ao lado doroteirista Robert Kanigher. De 1967 a 1976, o quadrinista assumiu posto executivo na editora, como diretor de publicações. Conseguiu os direitos para fazer HQ de Tarzan, que ele mesmo desenhou - o material foi recentemente republicado no Brasil.

Em 1976, o autor fundou a Joe Kubert School of Cartoon and Graphic Art em Dover, estado de New Jersey. Foi a primeira escola dos EUA com formação superior específica para o cartunismo, na ativa até hoje e conhecida pela proposta rigorosa. Stephen Bissette, Rick Veitch, Karl Kesel, Scott Kolins, Alex Maleev, Tom Raney, Adam Warren, Steve Lieber, Lee Weeks e o brasileiro Sergio Cariello (que foi professor da escola) são alguns dos formados por Kubert - sem falar em seus dois filhos, os celebrados Andy e Adam Kubert (também atualmente professores). Sargento Rock

Nos últimos anos, Kubert dedicou-se a graphic novelscomo Fax From Sarajevo (1996), Yossel (2003), Dong Xoai (2009) e retornos a personagens como Sargento Rock e Tor - o caçador pré-histórico que criou na década de 50. Fez até uma colaboração internacional, desenhando edição especial de Tex. Está saindo nos EUA Before Watchmen: Nite Owl, que desenha ao lado do filho Andy. A DC havia anunciado há pouco a minissérieJoe Kubert Presents, com seis edições de material produzido pelo próprio ou por convidados, com os personagens que marcaram sua carreira. A minissérie estrearia em outubro lá fora.

Premiado e reconhecido internacionalmente, Kubert perdeu a esposa Muriel em 2008 após um casamento de 57 anos. Os dois fundaram e administravam juntos a escola de quadrinistas, e diz-se que a esposa inspirou o visual de Shiera Hall, a Mulher-Gavião. A causa da morte de Kubert ainda não foi divulgada.

Leia mais sobre Joe Kubert

sábado, 11 de agosto de 2012

Simplesmente Maravilhoso - Cativante e Inspirador!!!

 Livro  que busca mostrar que a felicidade, está ao alcance de todos. Editado pela Editora Novo conceito. Filme em que Nick é protagonista, veja e entenda como a raça mais inteligente pode ser preconceituosa, através desse exemplo vamos pensar em nossos atos e modificar tudo a nossa volta.





                                                   
                             Estava na 22° Bienal Internacional de Livro em São Paulo, autor Nick Vujicic inspirou a todos que estavam na Bienal com sua palestra, deixando em cada um que estava la vontade de viver e principalmente ser digno daquilo que possuímos corpo, alma e essência na simplicidade que deveríamos possuir e demonstrar sem medo ou preconceito para com o próximo - Amor incondicional a tudo e a todos.                                                                                                

O livro "Bel-Ami" é uma interessante crítica à sociedade parisiense.

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O livro nos leva em uma viagem para a vida parisiense do final do século 19 – anos antes mesmo da construção da Torre Eiffel –, e segue as aventuras de Georges, que começa a trama tentando sobreviver em um local regado pela riqueza e pobreza. Vindo recentemente após alguns anos da Guerra da Argélia, ele decide buscar boas oportunidades na charmosa Paris.
Com o passar do tempo, depois de achar um emprego mal remunerado que nem o consegue sustentar, ele se vê diante da miséria, ao ter que contar as moedas e sentir fome durante todo o dia para poder comer apenas uma refeição insaciável. Mesmo passando tantas necessidades, Duroy é orgulhoso e muitas vezes arrogante, mas é belo, e ele sabe disso, compreende que é sua melhor ferramenta e que pode usá-la para conseguir as coisas que quer.
Após os períodos de má sorte, ele reencontra um amigo dos tempos de guerra, chamado Charles Forestier. Ao contrário de Georges, Forestier está bem estabilizado, casado e trabalha no jornal La Vie Française, que tem se tornando uma publicação bem importante dentro da opinião política. Vendo as condições do amigo, Charles o chama para jantar em sua casa e diz que talvez possa resolver os seus problemas financeiros.
Ao chegar bem vestido – alugado com o dinheiro emprestado de Forestier – na casa, ele dá o primeiro passo para adentrar na fechada e glamorosa vida da alta sociedade parisiense. Através de sua beleza, ele tenta conquistar todos a sua volta, assim ele conhece três mulheres que terão papel importante no desenvolvimento da trama e em sua vida: Madeleine Forestier (inteligente e misteriosa), Clotilde de Marelle (carente e simpática) e Virginie Walter (tímida e recatada). Cada uma com beleza particular, estilos e atitudes completamente diferentes.
No chique jantar, ainda participa um cronista do La Vie Française e o chefe de Forestier, o astuto Sr. Walter. Durante as conversas, Duroy fala sobre as mais diversas questões que envolvem a Argélia, e a maneira que se exprime toma a atenção de seus participantes. Aproveitando o momento, Charles dá a ideia para o patrão de contratar o seu amigo como um dos novos jornalistas. O Sr. Walter aceita, mas expõe que ele começará escrevendo uma série fantasiosa sobre a Argélia, e que entregue um artigo o mais rápido possível.
Georges que sabe se expressar muito bem com ajuda de sua beleza, tem o grande problema de não conseguir passar suas ideias para o papel, fracassa inutilmente na tentativa e pede ajuda ao seu amigo. Charles que está sem tempo diz que sua esposa lhe dará a ajuda necessária para escrever. Dessa forma, o contato de Georges com Madeleine aumenta.
A linda mulher de Forestier não apenas ajuda, mas dita todo o artigo para Duroy. Ao final do encontro, ela ainda aconselha que ele se aproxime intimamente da casada Clotilde, que fica sozinha em sua casa já que seu marido vive viajando.
Com o artigo de Madeleine, Duroy é contratado e com um adiantamento respira aliviado.
A partir desse momento, a trama de Guy de Maupassante começa a se desenrolar e mostra Duroy penetrando cada vez mais fundo nesse grupo de ricos. Vendo que sua vida ainda não está no mesmo patamar do deles, ele vai sempre querer mais, sempre querer mais dinheiro, sempre querer mais posses. Ele tem um quê da personagem Scarlett O’Hara de “E O Vento Levou”, ao não se contentar com a pobreza e tentando se enriquecer a custa dos outros. Podemos constatar que ele é ignorante em muitos aspectos, porém com a evolução dos acontecimentos o protagonista passa a jogar muito bem os dados da hipocrisia e da manipulação.
Georges consegue encantar Clotilde e sua pequena filha, que nunca antes havia sido tão sociável com outra pessoa, com uma atitude despretensiosa, a menina o chama de “Bel Ami” – que significa lindo amigo – nome que se tornará seu apelido e virá da boca de todas as principais mulheres.
Clotilde torna-se sua amante, e até o sustenta diante dos problemas econômicos do seu amor. Georges se aproveita dela como das outras duas mulheres que ainda serão suas na cama: Madeleine Forestier e Virginie Walter.
Porém, será a bela Clotilde que sentirá o verdadeiro amor por ele, enquanto Madeleine é extremamente desinteressada e Virginie é obsessiva.
Mesmo sentido algo por “Clô”, Bel Ami é um verdadeiro canalha, seu nome deveria até ser sinônimo no dicionário. Como no livro temos conhecimento de seus pensamentos, suas atitudes tornam-se mais malévolas e muitas vezes planejadas. Maupassant cria um ritmo que nos coloca curioso para saber qual será o próximo passo de Duroy.
Maupassant através de suas páginas crítica não só a sociedade da época, mas mostra como o Jornal, poderoso meio de comunicação da época, podia ser manipulado pelos seus interesses e manipular os seus leitores.
Outro destaque impecável é a reprodução da época através das palavras do autor, que detalhista, especifica até como são as joias e os vestidos das mulheres.
Por fim, o mais legal nessa edição da editora Landmark é o livro ser bilíngue, ou seja, além de toda a história em português, temos a versão original na língua francesa.
O livro “Bel Ami” é uma interessante crítica à sociedade parisiense, que mostra a ascensão de um homem sem escrúpulos à custa de mulheres.
O livro foi adaptado no cinema quatro vezes.
A primeira adaptação do livro foi feita por alemãs ainda na época do Nazismo, e é quase uma sangria ao original, a personagem Virginie Walter que é uma das peças centrais sequer existe.
Georges continua sendo um canalha, mas quase não tem uma relação com Clotilde e é apaixonado por Madeleine, que por sua vez é amante de um deputado.
Podemos concluir que há mudanças radicais no enredo criado por Guy de Maupassant.
Apesar de ter George Sanders (vencedor do Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por “A Malvada”) e Angela Lansbury (indicada a 3 Oscars e lenda do teatro da Broadway), mais uma vez a história de Guy de Maupassant é alterada (ou até podemos dizer que é assassinada).
No filme, Clotilde e a Madame Walter são duas viúvas, enquanto que no livro são casadas. Isso ocorre porque os censores da época não permitiram mostrar explicitamente o adultério. Já prostituta Rachel, que tem um caso com Duroy durante as vacas magras, no filme é uma dançarina.
Na primeira parte do romance há um duelo do qual Duroy participa e sai ileso, já no filme o duelo surge no final. Para quem é fã do livro vai se sentir realmente incomodado.
A adaptação austríaca mantém os personagens originais, e coloca grande parte do enredo parecido com do livro.
Porém, tira muito das atitudes malévolas de Georges. Além disso, o relacionamento dele com as três mulheres é exposto de forma bem leve.
Em comparação com as adaptações anteriores, sua trama é a que chega mais perto da história original do livro. Porém, a trama é colocada de forma superficial, consequentemente os seus personagens têm a profundidade de uma colher de chá. Além disso, os altos e baixos de Georges acontecem em um período muito rápido.
É aquela velha história da adaptação, onde o calmo tempo de um livro é colocado de forma apressada nas telonas, e isso causa estranheza imediata (Leia a crítica sobre o filme. Clique aqui).
A construção da direção de arte se deve muito ao detalhismo de Guy de Maupassant, mesmo assim, algumas especificações do autor no que diz respeito às características físicas dos personagens, sequer foram reproduzidas. Um exemplo, Georges possui bigode e seus cabelos são bem claros – bem diferente de Robert Pattinson. Além disso, foram alteradas algumas características psicológicas/físicas das três principais mulheres.
Um detalhe que passa despercebido e que se você pensar com calma é o seguinte: os personagens se encontram em Paris, são franceses, usam palavras francesas, mas falam inglês! Algo desconexo, que funciona unicamente na sétima arte.
Algo que temos somente no livro e dificilmente apareceria em um filme, são os pensamentos malévolos e interesseiros de Georges, que tomam uma profundidade maior se compararmos com as atitudes vistas na tela.
Outro detalhe deixado de fora são as locações, grande parte do filme foi filmado em Londres. Por isso, os personagens do filme aparecem em demasia dentro de casas e bares. Isso é contrastante, já que os personagens do livro estão constantemente andando ao ar livre e passeando pelo Bosque de Bolonha – lugar várias vezes descrito nas páginas.
Como em todo o filme, personagens do livro são cortados. E em “Bel Ami – O Sedutor” não é diferente, não participam Jacques Rival, os pais de Georges e Norbert de Varenne – este último ganha destaque em uma parte do livro e influencia os pensamentos de Duroy.
“Bel Ami” é o título perfeito que não apenas dá o apelido de Georges, mas é uma ironia explicita de um comportamento nada amigável de um homem que se intitula ”lindo amigo.”